Ministério da Defesa rebate Gilmar Mendes e diz que tem “compromisso com a saúde”

Ministro do STF criticou gestão Bolsonaro no Ministério da Saúde e disse que 'Exército está se associando a genocídio' durante a pandemia

O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva. Foto: Marcos Corrêa/PR

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O Ministério da Defesa rebateu o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e afirmou que tem “compromisso com a saúde e com o bem estar de todos os brasileiros de norte ao sul do País”. A resposta ocorreu por meio de nota divulgada neste domingo 12.

A pasta se posiciona após o magistrado dizer que “o Exército está se associando a esse genocídio”, em crítica à gestão do presidente Jair Bolsonaro no Ministério da Saúde. O órgão não tem chefe definitivo desde a saída de Nelson Teich, em 15 de maio. O general Eduardo Pazuello comanda a Saúde como ministro interino há quase dois meses.

Chefiada pelo general Fernando Azevedo e Silva, a Defesa escreveu que “as Forças Armadas atuam diretamente no combate ao novo coronavírus, por meio da Operação Covid-19”. A pasta argumentou que o quadro diário de empregados é de 34 mil militares, “efetivo maior do que da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial, com 25.800 homens”.

“O MD tem o compromisso com a saúde e com o bem estar de todos o brasileiros de norte ao sul do País. A mobilização desta Pasta começou no dia 5 de fevereiro, quando foi deflagrada a Operação Regresso à Patria Amada Brasil. Na ocasião, foram resgatados 34 brasileiros de Wuhan, na China, antes mesmo de aparecer o primeiro caso confirmado de coronavírus no Brasil, em 26 de fevereiro”, declarou o Ministério.

A pasta afirmou ainda que “os resultados mostram que a Operação está atingindo os objetivos a que se propõe”. Entre os números relatados na nota, estão a descontaminação de 3.348 locais públicos, a realização de 2.139 campanhas de conscientização, a promoção de 3.249 ações em barreiras sanitárias e a distribuição de mais de 728 mil cestas básicas e 20 mil litros de álcool em gel.


O texto afirma ainda que as Forças Armadas são atenção especial aos povos indígenas, com a realização de 200 missões em aldeias na Amazônia.

“Este ano, em face à pandemia causada pelo novo coronavírus, os Ministérios da Defesa e da Saúde, em ação conjunta, intensificaram a assistência à saúde prestada a indígenas em diversas localidades carentes e isoladas do país”, escreveu a Defesa.

O Brasil ultrapassou 70 mil óbitos e 1,8 milhão de contaminações por coronavírus na última semana. O país ocupa a vice-liderança dos rankings mundiais de mortes e de casos confirmados, segundo contagem da Universidade Johns Hopkins. Em 1º lugar, os Estados Unidos acumulam mais de 134 mil vítimas fatais e 3,2 milhões de infectados.

Gilmar Mendes não é o único a criticar a atuação das Forças Armadas durante a pandemia do novo coronavírus. Em transmissão ao vivo da revista IstoÉ, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta afirmou que os militares participam do que chamou de “aniquilação do Ministério da Saúde”. Na ocasião, o médico Drauzio Varella também disse que “a entrada dos militares não honra a imagem do Exército brasileiro”.

Confira, a seguir, na íntegra, a nota do Ministério da Defesa.

“O Ministério da Defesa (MD) informa que as Forças Armadas atuam diretamente no combate ao novo coronsvirus, por meio da Operação Covid-19. Desde o início da pandemia, vem atuando sempre para o bem-estar de todos os brasileiros. São empregados, diariamente, 34 mil militares, efetivo maior do que o da Força Expedicionária Brasileira (FEB) na Segunda Guerra Mundial, com 25.800 homens. O MD tem o compromisso com a saúde e com o bem estar de todos o brasileiros de norte ao sul do País. A mobilização desta Pasta começou no dia 5 de fevereiro, quando foi deflagrada a Operação Regresso à Patria Amada Brasil. Na ocasião, foram resgatados 34 brasileiros de Wuhan, na China, antes mesmo de aparecer o primeiro caso confirmado de coronavírus no Brasil, em 26 de fevereiro.

A Operação Covid-19, criada em 19 de março de 2020, estabeleceu 10 comandos conjuntos espalhados por todo o Brasil, além do Comando Aeroespacial (COMAE). Os resultados mostram que a operação está atingindo os objetivos a que se propõe. De lá para cá, foram descontaminados 3.348 locais públicos; realizadas 2.139 campanhas de conscientização junto à população, 3.249 ações em barreiras sanitárias e 21.026 doações de sangue; distribuídos 728.842 cestas básicas; produzidos 20.315 litros de álcool em gel e capacitadas 9.945 pessoas para realizar ações de descontaminação.

É ainda importante destacar que já foram transportadas 17.554 toneladas de pessoal e equipamentos médicos via terrestre, 471 toneladas de pessoal e equipamentos médicos via transporte aéreo, voadas 1.334 horas, o equivalente a 14,5 voltas ao mundo.

As Forças Armadas realizam permanentemente atividades subsidiárias para cooperar com o desenvolvimento nacional e defesa civil. Este ano, em face à pandemia causada pelo novo coronavírus, os Ministérios da Defesa e da Saúde, em ação conjunta, intensificaram a assistência à saúde prestada a indígenas em diversas localidades carentes e isoladas do país. As mais de 200 missões em aldeias indígenas somente na Amazonia Ociental realizam atendimentos de saúde, promovem cuidados básicos de saúde e orientam sobre a prevenção de doenças, sempre respeitando os aspectos socioculturais, condizentes com a realidade de cada etnia.”

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