Novembro de 2020. Um helicóptero da Polícia Federal sobrevoa o município de Parintins, no Amazonas, e avista uma balsa carregada de toras de madeira no Rio Mamuru. Na abordagem, a equipe constata que o carregamento não possuía o documento de origem florestal. A partir desse fio nasce a Handroanthus, operação que apreendeu o maior volume de madeira ilegal da história da Amazônia: 200 mil metros cúbicos, avaliados em 130 milhões de reais. Um ano depois, as investigações estão paradas e a operação, completamente desarticulada. Além de um juiz suspeito afastado, a trama envolve o desaparecimento de toras apreendidas, sucessivas trocas em cargos-chave da Superintendência da PF e até mesmo a entrada no “circuito” do onipresente Frederick Wassef, advogado de Jair Bolsonaro.
O defensor do presidente passou a advogar para uma das empresas investigadas, a MDP Transportes, e conseguiu junto ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região liberar em caráter liminar parte das toras, documentos e bens apreendidos pela operação. Amigo pessoal de Bolsonaro, Wassef ganhou os holofotes depois de dar abrigo a Fabrício Queiroz, apontado pelo Ministério Público do Rio como o operador do esquema das “rachadinhas” do clã político. Apesar da decisão favorável, peritos detectaram que a retirada das toras ocorria cinco meses antes da liminar. Vale lembrar que o material apreendido estava sub judice e, de acordo com o Exército, era de responsabilidade da PF e do Ministério da Justiça.
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