Política

Mensagens revelam que Braga Netto prometeu ‘dar uma força’ a investigados por fraude em intervenção no Rio

Ex-ministro do governo Bolsonaro é investigado em suposto esquema sobre compra de coletes balísticos; TCU já apontou outras irregularidades cometidas na operação chefiada pelo general

Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil
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Alvo da Operação Perfídia, deflagrada na última terça-feira 12 pela Polícia Federal (PF), o general Walter Braga Netto prometeu “dar uma força” a lobistas que pediam que fosse revertido o cancelamento de um contrato de compra de 9.360 coletes balísticos no valor de 40 milhões de reais. É o que mostra mensagens interceptadas pela PF e reveladas pelos jornais O Globo e o Estado de S. Paulo nesta quarta-feira 13.

A operação investiga se houve fraude em licitação para compra de coletes balísticos da empresa norte-americana CTU Security LLC, usados durante a intervenção federal no Rio de Janeiro. A empresa, que tem como sócio o brasileiro Gláucio Octaviano Guerra, foi investigada por autoridades norte-americanas por ter fornecido apoio logístico ao grupo envolvido no assassinado de Jovenel Moïse, ex-presidente do Haiti, em julho de 2021.

“Estive num almoço na sexta-feira passada com o Gen. Braga Netto e comentei sobre liberação de coletes de proteção balística para a Polícia do Rio, em estudo nesta Casa Civil da PR. Ele me disse que iria dar uma ‘força’ junto ao sr. para atender ao que pleiteamos”. O texto consta na mensagem do general da reserva Paulo Roberto Correa Assis a um parecerista da Presidência da República, datada de dezembro de 2019.

A mensagem não tinha como destinatário apenas o parecerista da Presidência, mas, também, representantes da CTU Security LLC. Inclusive, Gláucio Guerra, que compartilhou a imagem da mensagem, em forma de e-mail, para o irmão. 

Em seguida, Guerra encaminhou um áudio em que diz que o “zero dois do Exército Brasileiro, que foi o interventor federal, está do nosso lado”. O conteúdo foi interceptado pelos investigadores.

Além de Paulo Roberto Correa, as mensagens mostram que Robson Queiroz, ex-assessor da então secretaria de intervenção federal, também atuava no Gabinete da Intervenção a favor da empresa norte-americana. Ambos são investigados no âmbito da Operação Perfídia.

A investigação apura se a prevalência da empresa norte-americana aconteceu por meio de conluio, falsificação de documentos e pagamento de propina a militares. Vale destacar que o contrato referente aos coletes balísticos foi feito sem licitação.

Braga Netto se defende

Segundo Walter Braga Netto, “os contratos do Gabinete de Intervenção Federal (GIF) seguiram absolutamente todos os trâmites legais previstos na lei brasileira”. Segundo ele, “a suspensão do contrato [com a CTU Security] foi realizada pelo próprio GIF, após avaliação de supostas irregularidades nos documentos fornecidos pela empresa”. 

“Os coletes não foram adquiridos ou tampouco entregues”, argumentou Braga Netto. “Não houve, portanto, qualquer repasse de recursos à empresa ou irregularidade por parte da Administração Pública”, disse.

Além dos coletes, o Tribunal de Contas da União apontou outras irregularidades na operação conduzida pelo general no Rio. Itens foram adquiridos com suspeitas de desvio de finalidades, de acordo com a Corte de Contas.

“Enquanto o policial da UPP não possuía sequer um bebedor adequado, cadeira com estofado ou armário com porta, foram adquiridos, pelo Exército, alimentos de luxo, como camarão, bacalhau e torta holandesa a um custo de R$ 319.549,30“, diz um trecho do documento do TCU.

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