Política
Mauro Cid tinha convocação de Exército para golpe pronta no celular, diz jornal
De acordo com o jornal O Globo, ajudante de ordens de Bolsonaro mantinha documentos para dar ‘suporte jurídico e legal’ aos militares que rompessem com a democracia


A Polícia Federal encontrou no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), uma nova minuta golpista. O texto, desta vez, é um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para que militares pudessem participar de um golpe de estado. As informações são da colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo.
De acordo com a publicação desta quarta-feira 7, as mensagens encontradas pela PF mostram que o auxiliar número 1 de Bolsonaro teria diversos ‘estudos e documentos’ que dariam suporte ‘jurídico e legal’ aos militares em um eventual golpe.
O depoimento desta quarta, diz a colunista, seria para Cid esclarecer o conteúdo das mensagens, quem produziu os tais estudos e para quem o conjunto de documentos seria entregue. O tenente-coronel, porém, optou novamente pelo silêncio. A oitiva foi acompanhada pela vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo.
“No despacho que autorizou a oitiva de Cid, o ministro Alexandre de Moraes diz que o ex-ajudante de ordens ‘reuniu documentos com o objetivo de obter suporte jurídico e legal para a execução de um golpe de estado’”, cita a publicação do jornal nesta quarta.
O novo conjunto de mensagens mostraria que Cid não apenas recebeu, mas atuou no planejamento de uma ruptura. Recentemente, na primeira leva de conversas reveladas, o ajudante de ordens bolsonarista tinha apenas recebido mensagens de aliados com planos golpistas. Não havia, até aqui, indicações de respostas do tenente-coronel.
Desta vez, a relação com o tema é ainda mais forte. Cid, segundo o jornal, trocava mensagens de teor golpista com o sargento Luis Marcos dos Reis, preso junto com ele na Operação Venire. Cid e o colega de farda discutiam ideias de como convencer o Exército e outras autoridades a aderirem ao golpe. As conversas ocorreram, de acordo com Gaspar, em dezembro do ano passado, após a derrota do ex-capitão nas urnas. Reis deve ser ouvido nesta quarta-feira pela PF.
Não há, até aqui, indicações dos investigadores de que Cid tenha encaminhado a sugestão de GLO para Bolsonaro pelo celular. Mas uma das hipóteses levantadas na PF diz que, após a minuta sugerida por Cid, a intenção do grupo era pôr em prática a intervenção desenhada em documento encontrado na casa do ex-ministro Anderson Torres. Naquele texto, Bolsonaro ganharia poderes de interventor no Tribunal Superior Eleitoral em um ‘estado de defesa’.
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