Política

Mauro Cid fez 2ª tentativa de liberação das joias um dia antes do fim do mandato de Bolsonaro

Era 30 de dezembro de 2022 quando tenente-coronel Mauro Cid fez sua última ofensiva para obter os itens luxuosos avaliados em 16,5 milhões de reais

Foto: Reprodução/Redes Sociais
Apoie Siga-nos no

O tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens número 1 do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), tentou retirar as joias sauditas apreendidas pela Receita Federal até o último dia útil do governo. A informação consta em depoimentos de um servidor da Secretaria Especial de Administração da Presidência da República à Polícia Federal. O conteúdo da oitiva foi obtido e revelado pelo site UOL nesta sexta-feira 28.

Era 30 de dezembro de 2022 quando o militar ligou pela última vez para um servidor da Receita na tentativa de pressionar a liberação dos itens luxuosos – avaliados em 16,5 milhões de reais. A conversa foi descrita em depoimento prestado pelo servidor Clóvis Félix Curado Júnior, da Secretaria Especial de Administração da Presidência da República, no dia 12 de abril. Ele confirma não ter atendido o pedido de Mauro Cid.

Ainda de acordo com com Curado Júnior, após o telefone do auxiliar de Bolsonaro, ele também recebeu uma ligação do ex-chefe da Receita Federal Júlio Cesar Vieira Gomes. Novamente, o conteúdo do telefonema era uma ofensiva da antiga gestão para a liberação dos itens. Ele confirma, também, não ter cedido ao auditor. Vieira Gomes, vale dizer, tratou direto com Bolsonaro sobre a liberação. Ele também mobilizou servidores da Receita para tentar destravar o kit de luxo para o ex-capitão.

Nas ligações, Curado Júnior informou aos dois aliados de Bolsonaro que a liberação dependia de um pedido formal no sistema e de uma avaliação técnica dos itens. À PF, ele diz então não ter sido mais procurado.

A revelação do telefonema, vale dizer, é inédita. Até aqui, apenas o envio de um militar auxiliar de Mauro Cid ao aeroporto de Guarulhos no dia 29 de dezembro do ano passado havia sido relatado. Ele foi até o local para pressionar os servidores da Receita. A ação, conforme consta nas investigações, não obteve sucesso.

A nova revelação engrossa a confirmação de que o governo Bolsonaro se empenhou em tentar resgatar as joias na Receita para incorporar os itens ao acervo pessoal do ex-capitão. Detalhes das investigações do MPF, também revelados pelo UOL na quinta-feira, mostram que há indícios do cometimento de crimes por Bolsonaro e seus auxiliares no caso.

Uma investigação sigilosa da Procuradoria da República de Guarulhos apontou indícios dos delitos de peculato, nome dado ao desvio de recursos públicos, e de patrocínio de interesse privado perante a administração fazendária

Para o MPF, a tentativa do crime de peculato teria ocorrido, justamente, no momento em que o Palácio do Planalto tentou, fora do prazo estipulado, retirar os bens que haviam sido confiscados pela Receita Federal. Enquanto a Receita havia dado o limite de retirada para julho de 2022, o Planalto tentou retirar os bens em dezembro.

Mauro Cid não comentou a nova revelação. Bolsonaro também não se pronunciou. Já o ex-chefe da Receita alega não ter pedido a liberação das joias ao servidor. Ele diz que a ligação era apenas para esclarecer o conteúdo e a decisão da Receita de não liberar as joias.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo