Política

Mauro Cid armazenou documentos que buscavam dar fundamentos jurídicos ao golpe

A revelação foi feita pelo site ‘UOL’, que teve acesso ao conteúdo do celular do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro

Mauro Cid armazenou documentos que buscavam dar fundamentos jurídicos ao golpe
Mauro Cid armazenou documentos que buscavam dar fundamentos jurídicos ao golpe
Mauro Cid durante depoimento à CPI do golpe, em 2023 – Foto: Lula Marques/Agência Brasil
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O tenente-coronel Mauro Cid, que foi o principal ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro (PL), armazenou documentos que serviriam para dar embasamento jurídico a um golpe de Estado. A revelação foi feita nesta terça-feira 20 pelo site UOL, que teve acesso ao conteúdo do telefone celular de Cid, apreendido pela Polícia Federal em maio de 2023.

Ao apreender o aparelho, a PF identificou que Mauro Cid mantinha uma conversa consigo mesmo no WhatsApp, e por ali enviava os documentos que, segundo interpretações de bolsonaristas, serviriam para justificar uma tomada violenta do poder em 2022.

O UOL destaca que parte do material apreendido no celular de Mauro Cid é inédito e reforça “as provas de que auxiliares do ex-presidente Jair Bolsonaro discutiram maneiras de dar um golpe para que ele permanecesse no poder”.

Em pelo menos dois documentos localizados no telefone de Cid era descrita a chamada “intervenção militar constitucional”, que seria usada para acionar as Forças Armadas durante crises entre os Três Poderes – um dos mantras do bolsonarismo. Esse tipo de intervenção já foi descartado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O documento no celular de Cid é atribuído à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, a Eceme.

Cid também armazenou minutas golpistas, conforme identificou o site. Em um dos documentos, não há menção de autoria, mas consta a indicação de que a assinatura deveria vir de um partido político.

Foi identificado, ainda, que o tenente-coronel teve acesso a uma minuta de ação contra as urnas eletrônicas apresentada pelo PL – partido de Jair Bolsonaro – ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) cinco dias antes do documento ser protocolado. O item mostra que ele teria participado ativamente das discussões do tema.

A defesa de Mauro Cid não se manifestou sobre os diálogos revelados pelo site. A nota encaminhada ao UOL diz que os militar não vai se pronunciar por não ter tido acesso ao material.

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