Márcio França: ‘Minha saída não faz Haddad ganhar no primeiro turno’

Ex-governador alega ter ao menos três milhões de votos a mais do que o petista e que agregaria mais eleitores na campanha de Lula

Márcio França. Foto: Reprodução Facebook/Márcio França

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O ex-governador de São Paulo Márcio França (PSB) reafirmou a manutenção da sua pré-candidatura ao Palácio dos Bandeirantes sob dois principais argumentos: sua saída não daria vitória em primeiro turno a Fernando Haddad (PT), além do desempenho que teve nas últimas eleições, quando recebeu mais votos que o petista.

Segundo França, pesa ainda a seu favor o fato de ter um perfil diferente de Lula (PT) e, portanto, capacidade de atrair novos eleitores, o que não ocorreria com Haddad. As declarações foram dadas em entrevista ao jornal O Globo desta terça-feira 24.

“O eleitor que vota em mim tem um perfil diferente do que vota no Haddad. Uma saída minha ou dele não levará nenhum dos dois a ganhar no primeiro turno”, alegou França ao negar que irá desistir da disputa.

“O que pode acontecer [com a desistência] é facilitar o papel da junção Alckmin e Lula. O ativo da vinda do Alckmin era estarmos todos juntos. Ainda tem tempo até as convenções. As peças não estão todas jogadas no tabuleiro”, acrescentou o pré-candidato.

Segundo França, sua pré-candidatura também se justifica por ter tido três milhões de votos a mais do que Haddad em SP, além de agregar novos eleitores, que tradicionalmente não votariam em Lula, para a corrida presidencial. O saldo positivo de votos usado por França tem como base os resultados das últimas eleições que ele e Haddad disputaram no estado, respectivamente para governador e para presidente. No cenário atual, as principais pesquisas mostram o petista na liderança da disputa com uma vantagem de até 14 pontos percentuais.

“[Nas eleições de 2018] Eu estava em busca dos três milhões de votos a mais que eu tive em relação ao Haddad em São Paulo. O Haddad teve 7 milhões, eu tive 10 milhões. […] Nós precisamos buscar o eleitor que não era o dele. Para as pessoas, parece que a eleição passada foi deletada por conta dos erros do Bolsonaro. E na minha visão, não foi, está por aí”, defendeu o político. O ‘cálculo’ já havia sido usado por França em outras entrevistas recentes.


Por fim, França afirma ainda que Lula deveria buscar apoiar candidatos ao governo na região Sul e Sudeste que tivessem perfis mais ‘suaves’, um pouco mais próximos ao centro e distantes da esquerda. Um movimento parecido com o que faz Jair Bolsonaro (PL) no Nordeste.

“O Bolsonaro […] está encontrando no Norte, no Nordeste, onde sabe que será derrotado, candidatos com perfil mais suave para buscar algum percentual em cima da base do Lula. É o papel que eu teria feito (no caso do ex-presidente petista) no Sul, no Sudeste e no Centro-Oeste”, explicou. “Um perfil que depende 100% do Lula, o que traz a mais para ele? Por que o Lula tem essa obrigação de carregar todo mundo?”, completou em referência a candidatura de Haddad.

Um pouco mais adiante, voltou a falar em ‘erros e acertos’ em SP. Na sexta-feira, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, França disse que um ‘erro’ de palanque no estado poderia custar a vitória de Lula em outubro de 2022. Nesta segunda, praticamente repetiu a análise:

“Precisamos ajudar o Lula a acertar cada vez mais”, destacou antes de dizer que Haddad teria poucos eleitores ‘próprios’, sendo puxado apenas pelo apoio de Lula. “Não conheço nenhum eleitor que é Haddad que não seja Lula. Mas pode acontecer de ter por aí.”

Conforme destacou o pessebista, para vencer no estado, o ex-presidente deveria mirar no perfil tradicional do PSDB de SP, como Mário Covas e Franco Montoro. Sua candidatura, insinua o ex-governador, seria a ideal.

 

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