Justiça

Marçal vira réu por arriscar a vida de 32 pessoas em expedição ao Pico dos Marins

O coach terá dez dias para apresentar sua defesa prévia no processo, em tramitação no Tribunal de Justiça de São Paulo

Marçal vira réu por arriscar a vida de 32 pessoas em expedição ao Pico dos Marins
Marçal vira réu por arriscar a vida de 32 pessoas em expedição ao Pico dos Marins
Pablo Marçal no Pico dos Marins, em 2022. Foto: Reprodução/Redes Sociais
Apoie Siga-nos no

A juíza Rafaela Glioche, do Tribunal de Justiça de São Paulo, tornou o coach Pablo Marçal (PRTB) réu por colocar em risco pelo menos 32 pessoas em uma expedição ao Pico dos Marins, em Piquete (SP), em 2022.

Na avaliação da magistrada, a denúncia do Ministério Público paulista traz uma descrição “adequada e suficiente” das condutas. Com o recebimento da acusação, a Corte dará início a uma ação penal, ao fim da qual o ex-candidato a prefeito da capital será condenado ou absolvido.

Marçal terá dez dias, contados após a intimação, para apresentar sua defesa prévia. Poderá, por exemplo, especificar as provas que pretende produzir no processo e listar até oito testemunhas.

O Ministério Público de São Paulo propôs um acordo para o coach pagar 273,2 mil reais e arquivar o processo. Não houve, porém, resposta da defesa nos autos, o que levou a Justiça a aceitar a denúncia.

O órgão denunciou o coach por “expor a vida ou a saúde de outrem a perigo direto e iminente” (por 32 vezes, na forma do artigo 71 do Código Penal, a tratar de crimes continuados).

Conforme a acusação, a chuva se intensificou quando o grupo liderado por Marçal subia a trilha rumo ao cume do Pico dos Marins, “com pouca visibilidade, o que tornava o trajeto inóspito, permeado de lama e pedras escorregadias, afora o risco de hipotermia”.

Marçal, porém, chamou o guia de “covarde” e desdenhou dos alertas, segundo a denúncia. A expedição ocorreu entre 4 e 5 de janeiro de 2022, um período contraindicado, “sob o infundado pretexto de que as vítimas por ele guiadas precisariam correr riscos, enfrentando a natureza hostil daquele período, sem o que não seriam capazes de vencer e prosperar na vida”.

Em nota após Marçal virar réu, o advogado dele, Tassio Renam, afirmou que a defesa recusou o acordo proposto pelo MP porque ele implicaria admitir responsabilidade pela organização da caminhada nos Marins.

“Adicionalmente, há o relatório de conclusão elaborado pelo Delegado Francisco Sannini, que atestou a inexistência de dolo por parte de qualquer dos participantes e concluiu pelo não indiciamento dos envolvidos”, diz o comunicado. “Essa orientação, no entanto, não foi respeitada.”

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo