Política

Maia: MP que corta salários é “capenga” e gerou pânico na sociedade

Presidente da Câmara diz que o texto da MP 927 não condiz com as negociações que ele travava com o governo

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), classificou a Medida Provisória 927 – que determinou que os contratos de trabalho podem prever o não pagamento de salários pelos próximos 4 meses por contra da crise gerada pelo coronavírus -, como uma medida “capenga” e que foi publicada sem as partes acordadas entre a equipe econômica do governo e os parlamentares do Congresso.

De acordo com Maia, a MP deveria conter as regras para que os trabalhadores recebessem 25% do seguro desemprego caso tivessem alteração salarial, além das normas da redução de 50% do salário com a redução proporcional de jornada. Ambas medidas foram anunciadas pelo ministro da Economia Paulo Guedes na última semana, mas não constam no texto da MP.

“O que conversamos diverge do que está publicado. Tô começando a achar se não sumiu em algum lugar parte da MP, que gerou pânico na sociedade por essa questão do emprego, criou uma crise desnecessária. […] Nós estamos preocupados em solucionar a manutenção dos empregos. Da forma que ficou, ficou só insegurança sobre as relações de trabalho entre empregador e empregado”, disse Rodrigo Maia em um debate promovido, de forma remota, pelo Banco BTG Pactual nesta segunda-feira 23.

Maia continuou e disse que a medida provisória era “capenga” e que o governo não podia ficar mandando soluções pontuais para o problema, o que, para ele, geraria mais desgaste.

De fato, o governo foi fortemente atacado na manhã desta sexta-feira nas redes sociais – o presidente Jair Bolsonaro chegou a ser chamado de “genocida”, e diversos líderes partidários, deputados e eleitores rechaçaram a equipe econômica e sua forma de lidar com o coronavírus.

Uma segunda medida provisória, que daria conta do anteriormente anunciado por Guedes e anunciaria o pagamento do seguro desemprego, estaria sendo editada essa semana para ser publicada, segundo informou o secretário de Previdência e Trabalho, Bruno Bianco Leal, nas redes sociais. O texto da primeira MP não apresenta nenhuma segurança ao trabalhador, o que, na visão de Maia, gerou a “crise desnecessária”.

O parlamentar ainda acrescentou que estuda a elaboração de uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) que separe o orçamento do País de um outro orçamento de crise, voltado exclusivamente a combater o avanço do coronavírus no Brasil.

*Erramos: A entrevista de Rodrigo Maia não foi cedida à Revista Exame, e sim ao Banco BTG Pactual

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