Política

Políticos reagem à MP de Bolsonaro, que é chamado de “genocida” nas redes

Líderes da oposição e de partidos rechaçam medida que prevê o cancelamento dos contratos de trabalho por 4 meses

O presidente Jair Bolsonaro (Foto: Isac Nóbrega/PR)
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A Medida Provisória 927 chegou na madrugada, sem fazer alardes, mas a paz não durou muito tempo: a intenção do governo federal de possibilitar que patrões suspendam salários por quatro meses gerou um turbilhão de reações negativas em relação a como o presidente Jair Bolsonaro e sua equipe econômica têm lidado com a crise do coronavírus.

Para além do negacionismo do presidente ao se tratar do perigo do vírus – que, para ele, é só uma “gripezinha” e “histeria” da imprensa -, Bolsonaro agora é questionado sobre sua capacidade de se importar com a vida do trabalhador brasileiro. Nas redes sociais, o presidente do País é chamado de “genocida”.

Líderes da oposição e figuras do centrão se posicionaram de maneira quase unânime para criticar a medida provisória. Outras figuras do espectro político, como o coordenador nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos, também publicaram suas ressalvas. Para ele, derrubar Bolsonaro é uma “questão de sobrevivência”.

A maioria dos políticos acredita que  o Congresso necessita se unir para derrubar o projeto. Por ser uma medida provisória, as alterações passam a valer a partir da publicação no Diário Oficial da União, o que foi feito na noite do domingo 22. No entanto, os parlamentares da Câmara dos Deputados e do Senado têm até 120 dias para aprovarem ou rejeitarem as alterações previstas no texto.

Esse é o posicionamento do deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) e de Ciro Gomes, candidato à presidência da República em 2018 e ex-governador do Ceará, que publicaram mensagens nas redes sociais contra a MP.

Marina Silva, também presidenciável nas últimas eleições pela Rede Sustentabilidade, publicou que a MP era “desumana” e que passava um recado do governo aos trabalhadores: “vocês que se virem, e se sobreviverem à fome e ao coronavírus, quem sabe terão emprego depois da crise!”.

Flávio Dino, governador do Maranhão pelo PCdoB e antiga inimizade de Bolsonaro entre os líderes estaduais, também publicou mensagem cravando que o Brasil está na direção errada.

Outros países do mundo, como a Alemanha e o Reino Unido, por exemplo, adotaram medidas de subsidiar parte dos salários para proteger, ao mesmo tempo, patrão e empregado – ambos atingidos por um cenário econômico que não tem data para acabar. “Caminho errado: jogar trabalhadores à própria sorte sem nenhuma proteção. O caminho certo tem sido adotado em vários países. O caminho errado só no Brasil”, escreveu Dino.

Deputados alinhados ao centro também se manifestaram contra a MP. Tabata Amaral (PDT-SP), que também faz parte de grupos suprapartidários como o Movimento Acredito, publicou que a MP demonstrava como o governo não sabia lidar com a crise do coronavírus. “Ao invés de garantir a estabilidade ao trabalhador e mais recursos na economia, o governo deu um tiro no pé. Vamos derrubar”, escreveu.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), líder da oposição no Senado, fez um apelo aos presidentes das casas Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Davi Alcolumbre (DEM-AP) para não aceitarem a MP no Congresso. Nesse caso, ela sequer iria à votação dos parlamentares e perderia sua validade. “Devemos cobrar soluções lúcidas para o povo brasileiro, em especial aos trabalhadores mais pobres”, escreveu o senador.

A medida ecoou até mesmo entre os aliados do presidente, como senador Major Olímpio (PSL-SP). “Não podemos apagar fogo com gasolina”, escreveu nas redes sociais, acrescentando que a MP prejudica os trabalhadores sem dar respaldo a eles.

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