Economia

Lula minimiza reação do mercado sobre novo governo: ‘Vai aumentar o dólar, cair a bolsa? Paciência’

Presidente eleito diz que reação negativa a propostas sociais parte de ‘especuladores’ e não de ‘pessoas sérias’

Lula minimiza reação do mercado sobre novo governo: ‘Vai aumentar o dólar, cair a bolsa? Paciência’
Lula minimiza reação do mercado sobre novo governo: ‘Vai aumentar o dólar, cair a bolsa? Paciência’
Foto: JOSEPH EID / AFP
Apoie Siga-nos no

O presidente eleito Lula (PT) minimizou, nesta quinta-feira 17, a reação negativa do mercado financeiro sobre as propostas do novo governo para manter benefícios sociais.

Segundo disse o petista em um evento com sociedade civil na COP-27, no Egito, é preciso parar de se preocupar com a reação desse setor e focar na ‘responsabilidade social’ do País. Lula foi novamente ovacionado ao final da sua participação aos gritos de ‘o Brasil voltou’.

“Não adianta ficar pensando só em dado fiscal, mas em responsabilidade social”, disse Lula. “Vai aumentar o dólar, cair a bolsa? Paciência. O dólar não cai por conta de pessoas sérias, mas dos especuladores”.

Novamente, Lula pregou contra o teto de gastos porque, segundo ele, apenas beneficia o mercado financeiro e retira recursos básicos de áreas sociais. “Se fosse para discutir que não vamos pagar a quantidade de juros do sistema financeiro que pagamos todo ano, mas mantivéssemos os benefícios, tudo bem. Mas não, tudo o que acontece é tirar dinheiro da educação, da cultura. Tentam desmontar tudo aquilo que é da área social”.

Lula voltou a defender um novo modelo de governança global e mudanças no formato de decisões da ONU. As duas pautas haviam sido destaques em discurso principal na COP. Ele ainda reforçou a cobrança dos recursos prometidos por países desenvolvidos durante a COP-15.

“Sinceramente, as pessoas parecem que se esquecem”, afirmou. “Por isso cobrei, lembrei que há uma dívida que precisa ser paga para os países que têm floresta sejam recompensados para cuidar daquilo”.

Ainda nesta manhã, o presidente eleito confirmou a intenção de criar um Ministério dos Povos Originários e dar a cadeira para uma liderança indígena. A pauta é uma promessa de campanha.

“Não podemos aceitar mais a ideia que 14% da terra está nas mãos dos indígenas, mas não dizem que a terra é do Estado. Vamos reconhecer os quilombos brasileiros”, destacou ao dizer que a pasta também será uma forma de barrar a exploração irregular de terras indígenas e frear o avanço de ruralistas. “Não me preocupo quando dizem que o agro não gosta do Lula. Não quero que gostem, mas que me respeitem”.

No discurso, Lula também fez duras críticas ao atual governo comandado por Jair Bolsonaro (PL). Segundo defendeu, o País retrocedeu a um ponto que tornou a situação pior do que a enfrentada em 2003, quando assumiu seu primeiro mandato. Diante da exposição, prometeu ‘recuperar o Brasil’. Nas declarações sobre o ex-capitão, alertou ainda para as consequências da força mantida pelo bolsonarismo.

“Derrotamos o Bolsonaro, mas o bolsonarismo se mantém aí”, alertou. “Vocês estão vendo a violência com que eles atacam as aldeias indígenas. Vocês sabem o que acontece e a fúria dos madeireiros. Vamos precisar ter muito mais competência, habilidade [para enfrentar]”.

Nesta quinta-feira, o presidente eleito segue no Egito para um encontro com lideranças indígenas e deverá ainda se reunir com António Guterres, secretário-geral da ONU.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , , , , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.

CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.

Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.

Leia também

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo