Política
Lula: ‘Estou convencido de que voltar a governar o Brasil será uma verdadeira guerra’
O ex-presidente também voltou a acenar positivamente para uma composição de chapa com o ex-governador Geraldo Alckmin
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quarta-feira 23, em entrevista à rádio CBN, que o novo presidente do Brasil em 2023 irá enfrentar um cenário de guerra deixado por Jair Bolsonaro (PL). Segundo disse, o próximo mandatário terá que enfrentar resistências e reconquistar parte da população se quiser governar o País.
“Efetivamente estou convencido de que voltar a governar o Brasil será uma verdadeira guerra para recuperar o Brasil. Para fazer as coisas funcionarem corretamente e fazer as pessoas compreenderem que é melhor ter um livro do que ter armas. Que investimento na Saúde e na Educação não é gasto, é investimento”, disse Lula, voltando a prever um país mais colapsado do que quando assumiu seu primeiro mandato em 2003.
Lula destacou ainda que é justamente este cenário de guerra que o leva a procurar ainda mais alianças nestas eleições. A aproximação com outros campos que não apenas a esquerda, segundo o petista, se faz necessária para que, ao assumir, possa enfrentar essa ‘guerra instalada’ por Bolsonaro.
“As instituições precisam ser reconquistadas para tudo funcionar de forma harmônica. Daí porque a aliança política se faz necessária. Tem muita gente que acha que é difícil fazer aliança, eu acho importante porque você precisa ganhar e governar.”
“O ideal seria que o PT pudesse eleger todos os deputados, não vai acontecer. O mais importante seria a esquerda eleger a maioria dos deputados, eu acho que é difícil de acontecer. Então, você negocia com quem foi eleito, com quem tem mandato, para você aprovar as coisas que são necessárias. Essa é a política”, acrescentou ao justificar suas conversas com líderes do Centrão como Gilberto Kassab, do PSD.
‘Espero que o PT compreenda a necessidade de fazer aliança’
Foi neste clima que o ex-presidente também voltou a sinalizar positivamente para a composição de uma chapa com o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin. Adversário histórico do Partido dos Trabalhadores enquanto esteve no PSDB, o nome de Alckmin ainda enfrenta resistência em parte da cúpula do partido. Segundo Lula, no entanto, as divergências precisarão ser superadas caso ele de fato seja o escolhido.
“Eu tenho que voltar para fazer mais e para fazer preciso de mais gente do meu lado. Espero que dê certo essa conversa e espero que o Alckmin escolha o partido político adequado, que faça aliança com o PT, e espero que o PT compreenda a necessidade de fazer aliança”, disse.
“Quando se escolhe uma pessoa para vice, está estabelecendo uma relação de confiança. […] Eu tenho confiança no Alckmin, sempre foi uma relação de respeito. Se der certo para construir essa aliança, tenho certeza que vai ser bom pro Alckmin, vai ser bom pra mim e vai ser bom pro povo brasileiro. É só a gente dar tempo ao tempo”, completou mais adiante o aceno ao ex-tucano.
Autocrítica do PT
Novamente, Lula foi instigado durante a entrevista a fazer a chamada ‘autocrítica do PT’ e reconhecer erros do partido durante os seus governos. Lula repetiu em tom bem humorado que deixará as críticas para os adversários e para a imprensa durante a campanha.
Em outro trecho, no entanto, reconheceu que o partido cometeu um erro durante o segundo mandato de Dilma Rousseff na questão da desoneração da folha de pagamento, ampliada, segundo ele, sem oferecer contrapartidas como garantias de emprego. O erro, porém, teria sido causado pela má vontade de Eduardo Cunha, presidente da Câmara dos Deputados, à época.
“Obviamente temos culpa também [na ampliação da desoneração], o PT tem culpa também, porque a gente poderia ter cuidado para evitar tanta desoneração. A gente devia ter pedido mais contrapartida, sentar o patrão com o trabalhador junto para dizer qual é a parte do trabalhador já que eu vou dar uma devolução de dinheiro para o patrão. […] Isso fizemos em 2010 e não sei porque deixou de ter contrapartida”, reconheceu Lula.
“Então, nós temos responsabilidade também porque o desemprego começou a crescer ainda no nosso governo, mas é importante que se dê a responsabilidade do presidente da Câmara [Eduardo Cunha] na má vontade de tentar estabelecer uma pauta correta com a companheira Dilma”, ponderou o ex-presidente ao relembrar que Dilma tentou impedir a ampliação das categorias desoneradas, mas que sua tentativa foi barrada por Cunha no Congresso.
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