Lula entrega alta honraria a cientistas ignorados por Bolsonaro por defender vacina e saúde trans

Na época, em solidariedade aos pesquisadores, outros 21 cientistas renunciaram à Ordem Nacional do Mérito Científico

Da esquerda para a direita, a primeira-dama Janja, o presidente Lula, a pesquisadora Adele Benzaken e a ministra da Ciência, Luciana Barbosa. Foto: Reprodução

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Os pesquisadores da Fiocruz, Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda e Adele Benzaken, receberam, na manhã desta quarta-feira 12, a medalha de Ordem Nacional do Mérito Científico das mãos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), junto a outros 21 cientistas. No encontro, também foi reativado o Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia.

A medalha, a mais alta honraria concedida aos cientistas, é concedida um ano após o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ter excluído os pesquisadores da lista de condecorados.

Apesar de não ter informado oficialmente o motivo da retirada, Lacerda e Benzaken foram alguns dos nomes mais atacados pelo clã de apoiadores do capitão. Lacerda, por expor os riscos da cloroquina na luta contra a Covid-19 e Benzaken, que já tinha sido demitida por ter escrito uma cartilha sobre riscos de ISTs para homens trans.

Ela era da diretoria do então Departamento de Vigilância, Prevenção e Controle das IST, do HIV/Aids e das Hepatites Virais (DIAHV). 

Em razão disso, outros 21 pesquisadores renunciaram coletivamente à honraria concedida por Bolsonaro. O qual chamaram de “exclusão arbitrária” e “uma clara demonstração de perseguição aos cientistas”. 

Um dos cientistas agraciados que foi contra a exclusão é Ricardo Galvão, demitido na gestão por divergir de Bolsonaro sobre dados de desmatamento da Amazônia.


Além da revogação do nome dos dois cientistas, Bolsonaro se auto-homenageou e condecorou uma série de personalidades políticas, como ministros e parlamentares. 

A homenagem, habitualmente é concedida aos nomes que contribuíram para o desenvolvimento da ciência, tecnologia e inovação, e passa pela indicação de uma comissão formada por três membros indicados pelo Ministério da Ciência, pela Academia Brasileira de Ciências e pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Nenhum deles eram indicados.

Na cerimônia desta quarta-feira 12, no Palácio do Planalto, Benzaken agradeceu aos demais pesquisadores e comemorou o “reencontro com um país plural que estava sendo destruído por política reacionária e facistóides”.

Outro marco, foi a retomada do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia, afastado desde 2018 e responsável pelo debate interministerial com a comunidade científica, a sociedade e o setor produtivo sobre as políticas públicas voltadas ao setor. 

 

Confira na íntegra, a lista de homenageados: 

  • Adele Benzaken, médica sanitarista da Fiocruz;
  • Marcus Vinicius de Lacerda, médico infectologista da Fiocruz Amazônia;
  • Ricardo Galvão, professor da USP e presidente do CNPq; 
  • Luiz Pinguelli Rosa (in memoriam), professor emérito da UFRJ;
  • Marco Americo Lucchesi, presidente da Fundação Biblioteca Nacional;
  • Gonçalo Amarante Guimarães Pereira, professor da Unicamp;
  • Stevens Kastrup Rehen, professor da UFRJ;
  • Marcelo Marcos Molares, professor da UFRJ;
  • Renato Sérgio Balão Cordeiro, professor da Fundação Oswaldo Cruz;
  • Maurício Lima Barreto, professor UFBA;
  • Maria Teresa Fernandez Piedade, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia; 
  • Maria Stela Grossi Porto (in memoriam), professora emérita da UnB;
  • Silvio Crestana, pesquisador da Embrapa;
  • Carlos Alfredo Joly, professor aposentado da Unicamp;
  • Isaac Rotiman, professor emérito da UnB;
  • Academia Nacional de Medicina;
  • Academia Brasileira de Letras. 

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