Política

Lula reforça que Putin errou ao invadir a Ucrânia, mas diz que Zelensky ‘quis a guerra’

‘O comportamento dele é um comportamento um pouco esquisito, porque parece que ele faz parte de um espetáculo’, afirmou o ex-presidente

Foto: Nelson ALMEIDA/AFP
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Em entrevista à revista americana Time, publicada nesta quarta-feira 4, o ex-presidente Lula (PT) afirmou que o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, “quis a guerra” com a Rússia, que ocorre desde fevereiro em solo ucraniano e já deixou milhares de mortos.

“Ele (Zelensky) quis a guerra. Se ele (não) quisesse a guerra, ele teria negociado um pouco mais. É assim. Eu fiz uma crítica ao Putin quando estava na Cidade do México, dizendo que foi errado invadir. Mas eu acho que ninguém está procurando contribuir para ter paz”, disse o ex-presidente. “As pessoas estão estimulando o ódio contra o Putin. Isso não vai resolver! É preciso estimular um acordo. Mas há um estímulo (ao confronto)”.

Na conversa, Lula reforçou que o presidente da Rússia errou ao invadir o país vizinho e declarou que é urgente a criação de uma nova governança mundial.

“Nós, políticos, colhemos aquilo que nós plantamos. Se eu planto fraternidade, solidariedade, concórdia, eu vou colher coisa boa. Mas se eu planto discórdia, eu vou colher desavenças. Putin não deveria ter invadido a Ucrânia”, ressaltou. Mas não é só o Putin que é culpado, são culpados os Estados Unidos e é culpada a União Europeia. Qual é a razão da invasão da Ucrânia? É a OTAN? Os Estados Unidos e a Europa poderiam ter dito: ‘A Ucrânia não vai entrar na OTAN’. Estaria resolvido o problema.”

Lula citou ainda a ONU, que, para ele, “não representa mais nada”.

“A ONU de hoje não é levada a sério pelos governantes. Porque cada um toma decisão sem respeitar a ONU. O Putin invadiu a Ucrânia de forma unilateral, sem consultar a ONU”, disse. “Os Estados Unidos costumam invadir os países sem conversar com ninguém e sem respeitar o Conselho de Segurança. Então é preciso que a gente reconstrua a ONU, coloque mais países, envolva mais pessoas. Se a gente fizer isso, a gente começa a melhorar o mundo”.

As declarações foram feitas em meio a perguntas sobre o que faria para se relacionar com diferentes chefes de Estado a partir de 2023, se eleito, uma vez que o mundo estaria hoje muito fragmentado diplomaticamente, e se o ex-presidente conversaria com Putin mesmo após a invasão da Ucrânia. Lula respondeu que políticas “colhem o que plantam” e que, “se eu planto discórdia, vou colher desavenças”.

“Eu não conheço o presidente da Ucrânia. Agora, o comportamento dele é um comportamento um pouco esquisito, porque parece que ele faz parte de um espetáculo”, disse. “Ou seja, ele aparece na televisão de manhã, de tarde, de noite, aparece no parlamento inglês, no parlamento alemão, no parlamento francês como se estivesse fazendo uma campanha. Era preciso que ele estivesse mais preocupado com a mesa de negociação”.

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