Economia
Lula deseja priorizar a diplomacia, mas vê canais com os EUA fechados
Em resposta ao tarifaço de Donald Trump, o Planalto mira conversa com os norte-americanos e não descarta retaliações econômicas


Depois da reunião de mais de quatro horas no Palácio da Alvorada no domingo 13, o presidente Lula (PT) determinou à sua equipe que priorize saídas diplomáticas para o tarifaço anunciado por Donald Trump. O que atrapalha, no entanto, é a percepção, cada vez mais consolidada no governo, de que os canais institucionais com os Estados Unidos estão praticamente fechados.
Desde que Trump anunciou tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, a embaixadora do Brasil em Washington, Maria Luiza Viotti, tem procurado representantes da Casa Branca para discutir o assunto, sem sucesso. Não houve retorno oficial ou indicações claras de disposição para o diálogo.
A avaliação no Itamaraty é que Trump politizou a relação com o Brasil. O Ministério das Relações Exteriores entende que o ambiente criado pelo magnata dificulta uma abordagem técnica ou baseada em precedentes multilaterais e afasta a possibilidade de negociações diretas de alto nível com Washington, ao menos no curto prazo.
Embora a ordem de Lula tenha sido para esgotar o caminho diplomático, há um entendimento crescente no governo de que será necessário sinalizar força, justamente com a aplicação da Lei da Reciprocidade. A criação do comitê liderado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) reforça essa possibilidade, mas interlocutores do Palácio do Planalto ainda esperam algum gesto norte-americano que evite o agravamento da crise.
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