Justiça
Lula defende investigações no INSS e nega blindagem de aliados: ‘Se tiver filho meu envolvido, será investigado’
O presidente cobrou resposta dura da Justiça sobre a fraude nas aposentadorias
O presidente Lula (PT) afirmou nesta quinta-feira 18, durante café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, que não fará qualquer tipo de proteção política no caso das investigações sobre fraudes em aposentadorias e pensões do INSS. A declaração ocorre em meio ao avanço da Operação Sem Desconto, da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União, e às tentativas da oposição de vincular o esquema a pessoas próximas ao presidente.
“Se tiver filho meu nessa questão, ele vai ser investigado”, disse Lula ao tratar das apurações que envolvem servidores públicos, operadores financeiros e entidades associativas suspeitas de se apropriarem ilegalmente de valores descontados de beneficiários da Previdência.
A declaração responde diretamente às investidas da oposição na CPMI do INSS para convocar Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente. O requerimento, apresentado pelo partido Novo, foi rejeitado pela comissão em 4 de dezembro, apesar de alegações de supostos vínculos financeiros indiretos.
Governistas sustentam que Lulinha não é investigado formalmente e que não há indícios de participação no esquema, argumento reforçado por Lula ao afirmar que não fará qualquer tipo de proteção a familiares caso surjam provas concretas.
Lula afirmou que não cabe ao Palácio do Planalto interferir nos trabalhos da CPMI, nem nas investigações conduzidas pela Polícia Federal.
Operação Sem Desconto
As declarações de Lula ocorrem no mesmo dia em que a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União deflagraram uma nova fase da Operação Sem Desconto, que teve como um dos principais alvos o secretário-executivo do Ministério da Previdência, Adroaldo da Cunha Portal, número dois da pasta. Ele foi afastado do cargo, teve a prisão preventiva convertida em domiciliar por decisão do Supremo Tribunal Federal e acabou exonerado por determinação do ministro da Previdência, Wolney Queiroz.
O presidente também rejeitou a existência de qualquer acordo para conter investigações ou amenizar responsabilidades. Segundo ele, no que depender da Presidência da República, o governo atuará para que o caso resulte em uma resposta exemplar. “Tudo será feito para que a gente dê uma lição a esse País”, afirmou.
Na avaliação de Lula, o episódio expõe práticas que precisam ser enfrentadas com rigor para proteger a população mais vulnerável. “Esse País tem condição de ser um País honesto, um País que não viva de assalto todo santo dia”, disse. O presidente concluiu afirmando que todos os envolvidos, sem exceção, serão responsabilizados: “Quem tiver envolvido vai pagar o preço”.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Depois de anos bicudos, voltamos a um Brasil minimamente normal. Este novo normal, contudo, segue repleto de incertezas. A ameaça bolsonarista persiste e os apetites do mercado e do Congresso continuam a pressionar o governo. Lá fora, o avanço global da extrema-direita e a brutalidade em Gaza e na Ucrânia arriscam implodir os frágeis alicerces da governança mundial.
CartaCapital não tem o apoio de bancos e fundações. Sobrevive, unicamente, da venda de anúncios e projetos e das contribuições de seus leitores. E seu apoio, leitor, é cada vez mais fundamental.
Não deixe a Carta parar. Se você valoriza o bom jornalismo, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal da revista ou contribua com o quanto puder.
Leia também
A reação do ministro da Previdência à nova fase da operação que apura fraude no INSS
Por Vinícius Nunes
PF prende número 2 da Previdência e filho do ‘Careca do INSS’ em nova fase da Operação Sem Desconto
Por Vinícius Nunes



