Política
Lula critica Bolsonaro e diz que conservadorismo deu lugar a extrema-direita
Ex-presidente também criticou o teto de gastos: ‘Se presidente fosse responsável, não precisaria de teto’


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) analisou o avanço da extrema-direita no mundo que resultou na chegada de Jair Bolsonaro ao poder em 2018. Para ele, o conservadorismo foi substituído por radicais que têm o brasileiro como um dos representantes. A análise foi feita em entrevista à rádio Jovem Pan de Sorocaba, São Paulo, nesta quinta-feira 28.
“Há um avanço de partidos de direita no mundo que não é de hoje. Começou na Itália com Berlusconi, depois com Angela Merkel, com uma visão mais conservadora quando chegou. Mas agora você não tem mais conservadorismo, você tem extrema-direita. Há uma extrema-direita radicalizada que nega muitas coisas que na democracia aprendemos a conquistar”, avaliou.
“Essa extrema-direita é representada no Brasil por Bolsonaro e seus seguidores”, acrescentou, comparando o presidente brasileiro com Viktor Orban, da Hungria; Umaro Sissoco Embaló, da Guiné-Bissau; e Donald Trump, dos Estados Unidos.
Segundo disse, a radicalização da direita política no Brasil começou com Aécio Neves (PSDB), derrotado em 2014 por Dilma Rousseff (PT). O processo, no entanto, teria se aprofundado nas eleições de 2018.
“Com a entrada dos milicianos de Bolsonaro na política, tudo se transformou em ódio, tudo se transformou em provocação e violência”, disse.
Na entrevista, Lula também analisou o atual momento econômico pelo qual atravessa o Brasil e tratou do teto de gastos, política iniciada ainda no governo Michel Temer e tida como a principal bandeira de Paulo Guedes na economia.
De acordo com o ex-presidente, a inflação no Brasil estaria descontrolada porque o governo Bolsonaro não cumpre seu papel como balizador, nem tem ‘envergadura moral’ para passar confiança aos empresários e consumidores.
“Hoje quem é responsável pela inflação é o governo porque a inflação está descontrolada nos preços controlados, como o preço da gasolina, do gás, do diesel, da energia, do aluguel. Se o governo não controla os preços que estão subordinados a ele, ele não tem moral sequer para passar confiança aos outros cidadãos da sociedade que vendem produtos pros outros consumirem. Então a carne foge do controle, o feijão foge do controle”, explicou o petista.
Sobre o teto de gastos, Lula disse que a lei não seria necessária caso o presidente fosse responsável. Para ele, com outra figura o debate nem existiria.
“De vez em quando eu critico o teto de gastos e me criticam dizendo ‘ah o Lula quer gastar’. Ora, um governo responsável não precisa de uma lei dizendo o que ele pode gastar”, afirmou.
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