Política

Lula afaga Kassab e petistas querem Alckmin vice pelo PSD, mas o caminho não é simples

A articulação esbarra nas manifestações públicas do presidente pessedista e no contra-ataque do governo Bolsonaro

O ex-presidente Lula. Foto: Ricardo Stuckert
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Uma declaração de Lula nesta quarta-feira 19 indica a tentativa de movimentar peças importantes no xadrez eleitoral. Em uma etapa de intensificação das tratativas nos bastidores, o líder das pesquisas fez um afago no PSD, de Gilberto Kassab, durante entrevista em Brasília.

Não é por acaso. Os pessedistas têm a 5ª maior bancada da Câmara, com 35 deputados. Além disso, a influência de Kassab pode ser decisiva para facilitar a famigerada governabilidade de uma nova gestão petista.

“Temos de definir algumas coisas para dar sustentabilidade aos de baixo. Se a gente sentar pra conversar e construir uma força politica… Eu tenho conversado muito com o PSD do Gilberto Kassab, com o Kassab. É possível que a gente possa construir alguma coisa juntos, é bem possível”, disse Lula.

Não se trata, também, de uma manifestação isolada. Lideranças do PT não escondem o desejo de contar com o PSD já no 1º turno das eleições de outubro. Em um cenário considerado ideal por alguns expoentes petistas, o ex-tucano Geraldo Alckmin seria o vice na chapa de Lula pelo PSD, não pelo PSB ou pelo Solidariedade.

“Eu defendo. Acho que a conjuntura política é muito grave, a situação do País é dramática”, afirmou a CartaCapital o deputado Reginaldo Lopes (MG), novo líder do PT na Câmara. Ele disse desejar que o PSD “compreenda” que o momento pelo qual passa o Brasil “não é de normalidade e possa contribuir com essa política de Lula, de estadista, republicano, que busca unir o País”.

“É fundamental o PT trabalhar para consolidar uma federação forte, para ter uma base programática, e buscar uma aliança majoritária indicando um vice-presidente em um partido mais amplo, como o PSD. E o nome do Alckmin é um dos mais históricos do PSDB, ele tem um conceito sobre Estado muito diferente dos tucanos que se perderam em um encanto falido”, acrescenta o líder petista.

Em caráter reservado, outros líderes petistas seguem a linha de Reginaldo Lopes. “Seria bom para a candidatura do Lula ter o apoio do PSD, mas não acho que seja uma conversa tão fácil quanto aquela com o PSB ou com outros partidos da esquerda”, avalia um influente deputado do PT, que diz também não ter condições de cravar o desejo de Kassab.

Publicamente, Kassab nega qualquer possibilidade de o ex-governador paulista ser candidato a vice de Lula pelo PSD. Nesta semana, em entrevista ao Correio Braziliense, declarou que não deixaria “uma pessoa do gabarito de Geraldo Alckmin se filiar sonhando com algo que possa não acontecer”, em referência à aliança com o candidato petista no 1º turno.

Kassab mantém, ao menos diante de câmeras e microfones, o lançamento do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (MG), como candidato do PSD à Presidência da República, apesar de seu fraco desempenho nas pesquisas de intenção de voto.

Há, ainda, outro componente a dificultar a aliança PT/PSD: a movimentação da gestão de Jair Bolsonaro. O ex-capitão pode entregar a liderança do governo no Senado a Alexandre Silveira, presidente do PSD mineiro, que substituirá na Casa Alta Antonio Anastasia (PSD-MG), aprovado no mês passado para o Tribunal de Contas da União.

Silveira, que já atuava como diretor de Assuntos Técnicos e Jurídicos da Presidência do Senado, é aliado Pacheco. Também esteve à frente da Secretaria Extraordinária da Gestão Metropolitana em Minas Gerais e da Secretaria de Saúde do governo de Anastasia.

Gilberto Kassab cumpre isolamento em São Paulo após testar positivo para a Covid-19. Segundo sua assessoria de imprensa, está bem disposto e decidiu permanecer em um hospital para evitar contato com os familiares.

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