Política

Lula: “A esquerda tem que assumir compromisso”

Em entrevista ao portal The Intercept, ex-presidente abordou bolsonarismo, renovação no PT e esquerda mundial

Imagem: Reprodução/The Intercept
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Em entrevista concedida ao portal The Intercept Brasil – mais uma da série de conversas autorizadas pela Justiça meses após a primeira solicitação -, o ex-presidente Lula cravou que o PT precisa de renovação de seus partidários – “mais mulheres, mais negros, mais índios” – e que quem perde hoje para a extrema-direita no mundo não é a esquerda, mas o modelo neoliberal global.

A situação brasileira sob as diretrizes do bolsonarismo, de acordo com Lula, é da velha política – “ele é um cara que teve 28 anos de mandato. Ele é a velha política, eu sou a nova. Eu só tive quatro anos de mandato como deputado”, disse. “Quem quer governar, governa com o que tem.”

A dificuldade do governo de Jair Bolsonaro de se articular com o Congresso e a queda constante de popularidade – 36,2% da população julga a gestão como “ruim” ou “péssima”, e 28,6% que consideram “ótima” ou “boa” – minam, aos poucos, as chances da recuperação econômica para 2019.

A comentada “autocrítica” do PT, cobrada pelos setores progressistas brasileiros, também entrou em pauta. Nesse ponto, Lula disse que o partido tem que voltar para as origens da governabilidade. “Alguns dizem que o PT se distanciou do povo. Olha, o PT precisa, se eu diria, voltar, não a suas origens, porque você não governa para um partido, você governa para a sociedade”, disse.

Para ele, falta representatividade para alcançar o povo e “compromisso” para conhecer as realidades brasileiras. O ex-presidente citou sua primeira viagem presidencial, em que levou 30 dos 34 ministros para os lugares com o menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) do Brasil.

Lula e ministros em Brasília Teimosa, na periferia do Recife, em 2003. Atrás do ex-presidente estão o prefeito de Recife, João Paulo, e a ministra da Assistência Social, Benedita da Silva. Foto: Agência Brasil

Se falta ao PT voltar efetivamente às bases eleitorais, Lula avalia que sobra ódio na sociedade alimentado pelo antipetismo, e que pautas sobre crescimento, geração de emprego e distribuição de renda caem em detrimento de apontar os erros do partido. Citando Mia Couto, Lula também culpa a antipolítica pela desesperança que culminou na eleição de Bolsonaro: “em tempo de terror, escolhemos monstros para nos proteger”.

A entrevista foi concedida ao jornalista Glenn Greenwald. A íntegra pode ser conferida no vídeo a seguir.

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