Política

Lisete Arelaro pressiona TV Cultura por participação no Roda Viva

Depois do machismo sofrido por Manuela D’Ávila durante o programa, a única mulher que concorre ao governo de SP não foi convidada às entrevistas

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A pré-candidata ao governo do estado de São Paulo pelo PSOL, Lisete Arelaro, enviou uma notificação extrajudicial à TV Cultura para que ela seja convidada a participar do programa Roda Viva, que está realizando entrevistas com os pré-candidatos ao pleito do estado. Até agora, já participaram das sabatinas o pré-candidato pelo PT, Luiz Marinho, e Márcio França, do PSB. Este último, na noite da segunda-feira 16. 

Segundo Lisete, única mulher concorrendo ao cargo, a TV Cultura convidou apenas os quatro candidatos mais bem colocados nas pesquisas de opinião. Contudo, segundo pesquisa do Ibope, divulgada no último dia 29, Lisete está empatada com Luiz Marinho, com 3% das intenções de voto, em quarto lugar. 

Na semana passada, o pedido de participação no programa foi recebido pelo coordenador geral de jornalismo da TV Cultura, Roberto Taíra. No dia 10, ele se encontrou com representantes estaduais do PSOL São Paulo e da Rede Feminista de Juristas.

Segundo a assessoria do PSOL, Taíra se comprometeu a entregar a solicitação à presidência da Fundação Padre Anchieta e afirmou que uma resposta seria dada em cinco dias. Mas até a tarde de ontem, a assessoria do partido afirmou que a emissora continua em silêncio sobre a solicitação. 

“Vamos tomar todas as medidas cabíveis, não podemos aceitar que num momento onde se discute tão amplamente a necessidade de maior participação das mulheres na política, uma TV pública tome tal atitude”, afirma uma nota, publicada em uma rede social de Arelaro. “Seguimos buscando diálogo com a direção da TV Cultura, para poder reverter a situação da melhor forma possível”, afirma outra nota.

Arelaro prometeu acionar a justiça contra a Fundação Padre Anchieta, mantenedora da emissora, caso não seja convidada para a sequência de entrevistas. A solicitação foi feita com base na cota de gênero, que garante a proporcionalidade mínima de 30% entre homens e mulheres no tempo destinado à propaganda eleitoral de rádio e televisão. 

“Como emissora pública, a TV Cultura deveria primar pelo interesse público de sua programação, contribuindo para a diversidade de gênero e também para a pluralidade de ideias e opiniões defendidas pelos diferentes candidatos”, declarou Ana Claudia Mielke, do coletivo de comunicação Intervozes e pré-candidata a deputada estadual pelo PSOL.

Ontem à noite, durante a transmissão do Roda Viva com Márcio França, atual governador do estado, o PSOL organizou uma movimentação nas redes sociais, com a hashtag #QueroLiseteNoRodaViva,  pressionando a direção da TV Cultura a dar uma resposta à pré-candidata.

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Em sua conta no twitter, Lisete fez críticas ao programa de ontem: “Nas eleições deste ano a participação das mulheres e a identificação com a pauta feminista é tema de destaque, mas para o #RodaViva não. Não convidam nossa pré-campanha e não comentam sobre a pauta com o atual governador… “.

A movimentação aconteceu três semanas após a polêmica participação Manuela d’Ávila (PCdoB), no mesmo programa da emissora. O machismo foi o protagonista na sabatina da pré-candidata à presidência da República, que foi interrompida 62 vezes pelos entrevistadores. A grande maioria deles, homens.

Após a ofensiva machista contra Manuela, uma campanha online reuniu cerca de 5 mil assinaturas pedindo que a emissora conceda espaço para que a pré-candidata exponha suas propostas e ideias, assim como puderam fazer os outros pré-candidatos que já passaram pela sabatina.

Outro lado

Segundo nota da TV Cultura, o critério definido para a escolha dos pré-candidatos ao governo de São Paulo entrevistados pelo Roda Viva foi ao encontro aos quatro primeiros colocados nas pesquisas eleitorais de abril de 2018, véspera do início das sabatinas eleitorais no programa da TV Cultura.

No período, João Doria (PSDB), Paulo Skaf (MDB), Luiz Marinho (PT) e Márcio França (PSB) contabilizavam 24%, 19%, 4% e 3% das intenções de voto, respectivamente, segundo dados do IBOPE. Lisete Arelaro (PSOL) contava com 1%.

No último dia 10, representantes estaduais do PSOL visitaram a Fundação Padre Anchieta, onde entregaram uma solicitação para a entrevista com a candidata Lisete. Na ocasião, eles foram informados sobre o critério estabelecido.

O pedido chegou a ser levado à reunião de pauta, mas não foi contemplado porque o critério originalmente estabelecido foi mantido e pela falta de espaço na agenda do programa.

As próximas edições do Roda Viva receberão Geraldo Alckimin (PSDB) e Jair Bolsonaro (PSL), nos dias 23 e 30 de julho, sequencialmente. A partir do dia 6 de agosto, segunda-feira, a lei eleitoral nº 9.504/1997, art. 45, estabelece o limite da exposição dos candidatos em emissoras de Rádio e TV, mesmo sob a forma de entrevista jornalística. 

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