Política

Lira deve postergar análise da PEC que restringe poderes do STF

Mesmo pressionado pelas bancadas do agro e da bala, presidente da Câmara tentará esfriar os ânimos antes da votação

Lira deve postergar análise da PEC que restringe poderes do STF
Lira deve postergar análise da PEC que restringe poderes do STF
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados
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O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), deverá atrasar a análise da Proposta de Emenda à Constituição que pretende restringir os poderes do Supremo Tribunal Federal.

A proposta, aprovada pelo Senado Federal, ficará parada até fevereiro de 2024, quando termina o recesso parlamentar.

Lira já compartilhou com colegas da Casa a preocupação de não haver tempo hábil para apreciar a PEC neste ano.

Entre a pauta da Câmara para este fim de ano estão os projetos da agenda econômica do governo Lula, como a reforma tributária e a Lei de Diretrizes Orçamentárias.

No mesmo sentido, Lira tem afirmado que não pretende aprovar a PEC a toque de caixa, como aconteceu no Senado. Ele tem dito que a proposta não é prioridade e terá um ritmo de tramitação normal.

A intenção é dar tempo para que se esfriem os ânimos entre o Legislativo e o Judiciário. Na prática, Lira não quer entrar em confronto com o Supremo, principalmente depois do arquivamento de investigações que ligavam o deputado à compra irregular de um kit de robótica em Alagoas.

Apesar disso, o presidente da Câmara tem sofrido pressão de todos os lados, principalmente pela Frente Parlamentar Agropecuária e pela bancada da bala, que pretendem levar o tema ao Plenário da Casa o mais rápido possível.

O texto da PEC proíbe decisões individuais em tribunais superiores que suspendam a eficácia de uma lei ou de atos dos presidentes da República, do Senado e da Câmara.

A proposta é vista como uma retaliação bolsonarista contra os ministros da Corte, após o STF proferir decisões ou pautar julgamentos que desagradaram à oposição, como o aborto e a descriminalização da maconha.

Para ser promulgada, porém, a proposta ainda tem de ser aprovada pela Câmara, em dois turnos, com no mínimo 308 votos.

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