Economia
Líder do governo na Câmara rechaça reforma administrativa de Lira: ‘Alma penada’
José Guimarães (PT-CE) afirmou que a proposta ‘não é pauta do governo’
O líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), rechaçou a reforma administrativa defendida pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e a classificou como “alma penada”.
A declaração foi concedida em coletiva de imprensa nesta terça-feira 5. Na semana passada, Lira disse que o governo deveria entrar no debate sobre a reforma “por bem ou por mal” e divulgou um manifesto com o apoio de mais de 20 frentes parlamentares que representam setores produtivos.
“Isso não é pauta do governo. (…) É uma espécie de alma penada que perambula aqui pela Câmara. Nós acabamos de votar o regime fiscal. Para que serve a reforma administrativa?”, questionou. “Ele [Lira] tem o direito de defender, e eu tenho o direito de ser contra.”
Segundo o líder petista, a reforma administrativa “não é pauta prioritária para o governo, nem para o País”. A agenda do governo, diz ele, está centrada na reforma tributária, na votação do Orçamento no ano que vem e na taxação dos fundos onshore e offshore.
Guimarães afirmou ainda que a base do governo não tratou de acordo com Lira em relação a uma eventual votação sobre o tema. O líder também disse não ter abordado o assunto com o Ministério da Fazenda.
Mais cedo, o ministro Fernando Haddad disse que quer começar a reforma administrativa por meio da limitação dos supersalários e da modernização dos serviços públicos. Na semana passada, o petista havia afirmado que estava disposto a entrar no debate. Lira expressou “satisfação” com a posição.
Questionado sobre a postura de Haddad de discutir o tema com Lira, o líder do governo na Câmara se limitou a declarar que “tem que ter diálogo todo dia, com qualquer pauta”.
Em relação à pressão de frentes parlamentares e do “mercado” pela reforma administrativa, Guimarães disse que também é necessário consultar a população.
“Já que o ‘mercado’ acha que tem que ter corte de gastos, vamos perguntar à população também. Cortar gasto onde? Isso virou um discurso sem nexo com a realidade”, criticou.
“Vai levar em conta só o interesse da Faria Lima? Não, tem que levar em conta os interesses do País, do povo, da Faria Lima, todo mundo. Não pode pender só para um lado.”
A reforma administrativa havia sido proposta durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) em 2020, por meio da Proposta de Emenda à Constituição nº32. A relatoria havia ficado com o deputado Arthur Maia (União-BA). O projeto, no entanto, não foi adiante.
À época, sindicatos e movimentos sociais acusaram a PEC 32 de buscar reduzir gastos por meio da quebra da estabilidade da carreira de servidor, para facilitar demissões, e do corte das remunerações.
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