Justiça

Lei do Impeachment está fora do ordenamento constitucional de 1988, diz Gilmar Mendes

As mudanças determinadas na quarta-feira 3 elevaram a tensão entre STF e Congresso

Lei do Impeachment está fora do ordenamento constitucional de 1988, diz Gilmar Mendes
Lei do Impeachment está fora do ordenamento constitucional de 1988, diz Gilmar Mendes
Ministro Gilmar Mendes. Foto: Rosinei Coutinho/STF
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O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes voltou a defender sua decisão de limitar à Procuradoria-Geral da República o direito de denunciar ao Senado os magistrados da Corte. A alteração, assinada na quarta-feira 3, aconteceu no âmbito de duas ações que questionam dispositivos da Lei do Impeachment (1.079/1950).

“Há aqui uma excessiva politização dessa temática e surgiu essa proposta discutindo a lei, que é de 1950 — portanto, feita sob a luz da Constituição de 1946. A partir dai já mudamos muito o quadro constitucional”, justificou o decano da Corte em um evento em Brasília, nesta quinta-feira 4.

Para Gilmar, a discussão envolve avaliar se a lei está de acordo com o ordenamento constitucional de 1988.

A decisão do ministro passará por referendo no plenário a partir de 12 de dezembro. Apesar disso, Gilmar disse ter conversado com diversos setores após determinar as mudanças. Pediu, por exemplo,  a manifestação da Advocacia-Geral da União — que se pronunciou contra as alterações—, do Senado e da Câmara. Em outubro, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, enviou um parecer favorável à mudança.

“No modelo atual, você poderia afastar um ministro do Supremo com simples maioria absoluta. Então, isso parece ficar extravagante, sobretudo neste contexto de polarização”, sustentou o ministro nesta quinta. “Mas é possível, e acho que recomendável, que se vote uma nova lei do impeachment.”

Na quarta-feira, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), criticou a ordem de Gilmar sob o argumento de que ela fere a autonomia do Legislativo.

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