Política

Lawand, o coronel que queria golpe, fez academia militar em turma de ‘figurões’

Diretor do GSI no 8 de Janeiro, autor da CPI do MST e governador paulista estudaram com o militar

Depoimento Coronel do Exército. Coronel do Exército, Jean Lawand Junior. Foto: Bruno Spada/Câmara dos Deputados
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Um ano antes de mandar por celular mensagens de apelo golpista ao então chefe dos ajudantes de ordem de Jair Bolsonaro na Presidência, o coronel do Exército Jean Lawand Jr. tinha outra preocupação. Coube a ele providenciar uma placa para comemorar os 25 anos de formação de sua turma na Academia Militar das Agulhas Negras, a Aman. Essa turma é um bom exemplo da chamada “família militar”, da politização dos quartéis e da infiltração verde-oliva nos espaços de poder.

“A placa desse ano ela foi construída pelo nosso zero um, nosso amigo coronel Lawand, que não pode estar aqui hoje, mas faço questão de enaltecer o trabalho que o Lawand teve”, diz o mestre-de cerimônias da inauguração da placa, um coronel identificado como Porto, em um vídeo disponibilizado no YouTube. A data placa tinha era 18 de dezembro de 2021.

Lawand Jr. cursou a Aman entre 1993 e 1996. Sua turma tinha o hoje coronel da reserva Wanderli Baptista da Silva Jr. Em 8 de janeiro deste ano, dia do quebra-quebra bolsonarista em Brasília, Silva Jr. era diretor-adjunto do Departamento de Segurança Presidencial do GSI, órgão de informação do Palácio do Planalto. Havia sido nomeado em 17 de dezembro de 2022, fim da era Bolsonaro.

Na época da nomeação, fazia alguns dias que Lawand Jr. disparava uma penca de mensagens, via celular, ao tenente-coronel do Exército Mauro Cesar Barbosa Cid. Queria saber quando Bolsonaro “daria a ordem” para os militares entrarem em cena e reverteram a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas. Cid era o chefe dos ajudantes de ordem da Presidência. 

Wanderli Jr. foi demitido do Planalto no início de abril deste ano. Da turma dele e de Lawand Jr. na Aman, faziam parte também Tarcisio de Freitas, atual governador de São Paulo, e o deputado federal gaúcho Luciano Zucco. A dupla pertence ao mesmo partido, o Republicanos.

Tenente-coronel do Exército, Zucco comanda a CPI do MST, cuja criação havia sido proposta por ele próprio. Sua trajetória é curiosa. Integrou a equipe de segurança de Dilma Rousseff desde o primeiro dia dela na Presidência. O chefe do time era o general Marcos Antônio Amaro dos Santos. Desde maio, Amaro é o ministro do GSI de Lula.

Em meados de maio, o GSI designou para ser o secretário de Segurança e Coordenação Presidencial um general que foi contemporâneo, na Aman, do irmão do deputado Zucco. O general Ricardo Augusto do Amaral Peixoto fez a academia militar de 1988 a 1991. O general Marcelo Lorenzini Zucco cursou de 1989 a 1992.

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