Política

Lava Jato teria sido séria ‘se o juiz não fosse pilantra’, diz Lula em sabatina da CNN

O petista também acusou Aécio Neves de criar ‘clima de animosidade’ e comparou Bolsonaro a Hitler e Mussolini

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante sabatina na CNN Brasil. Foto: Reprodução
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disparou críticas ao ex-juiz Sergio Moro (União Brasil-PR), ao deputado Aécio Neves (PSDB-MG) e ao adversário Jair Bolsonaro (PL) em sabatina nesta segunda-feira 12, realizada pela CNN Brasil.

Questionado sobre episódios de corrupção durante seu governo, o petista reconheceu ter havido irregularidades, mas defendeu a sua inocência e responsabilizou Moro por ter retirar a credibilidade da Operação Lava Jato.

Lula argumentou que era necessário ter preservado as empresas envolvidas nos processos de investigação e garantir que a punição ficasse restrita às pessoas que praticaram os atos ilícitos. Segundo ele, a Lava Jato teria, na verdade, “destruído” alguns setores da economia, como a construção civil e a exploração de óleo e gás.

“O que você não pode é levantar suspeitas sobre todo mundo. E é importante dizer que quase todo mundo foi condenado, foi solto e saiu com muito dinheiro, porque a delação premiada fez com que muita gente ficasse rica”, declarou Lula. “O processo de investigação poderia ter sido mais sério se o juiz não fosse o pilantra que foi, se não transformasse a Lava Jato numa questão política para me proibir de ser candidato.”

Lula também disse ter ser o primeiro “culpado de ser inocente” e afirmou que precisou provar não só a sua inocência, mas a culpa das autoridades que conduziam os processos.

O petista prometeu que garantirá o funcionamento de mecanismos de combate à corrupção em seu governo e reconheceu a prática de irregularidades em gestões anteriores.

“Algum diretor da Petrobras que reconheceu que roubou pagou o preço. Eu não posso dizer que não houve corrupção se as pessoas delataram. Se o Sérgio Cabral no Rio de Janeiro reconheceu o erro que ele fez, se outros denunciaram que receberam favor de empresas, essa gente cumpriu uma pena. O que eu acho grave é que essas pessoas foram beneficiadas por uma delação premiada na qual o objetivo era tentar me culpar”, prosseguiu.

O petista também acusou Aécio Neves de ser “o responsável pelo clima de animosidade do País” e relembrou que o tucano pediu a recontagem dos votos na eleição de 2014, quando foi derrotado por Dilma Rousseff (PT).

Em outro trecho, Lula disse que os efeitos políticos dessa mobilização tucana desembocaram no surgimento de Bolsonaro. O petista chegou a comparar o ex-capitão a ditadores de extrema-direita como Adolf Hitler, da Alemanha, e Benito Mussolini, da Itália.

“Isso começou depois de 2014, depois de 2015, quando o companheiro Aécio Neves não aceitou o resultado das eleições e instigou que Eduardo Cunha se comportasse do jeito que se comportou”, afirmou. “Houve vários fatores que permitiram que o Brasil entrasse nesse clima de nervosismo. A negação da política permitiu que surgisse um Bolsonaro, como permitiu na Alemanha que surgisse um Hitler, como permitiu na Itália que surgisse um Mussolini. Toda vez que você nega a política, o que vem depois dela é muito pior.”

Lula também fez duras críticas ao chamado “sigilo de 100 anos”, recurso utilizado pelo atual governo para manter ocultas informações que poderiam contribuir para investigações de prática de corrupção.

“Hoje não se investiga. Hoje o ministro da Saúde monta uma quadrilha para roubar na vacina e você transforma aquilo num sigilo de cem anos. Hoje você vê o presidente não explicar para a sociedade por que ele gastou 26 milhões para comprar 51 imóveis pagando em dinheiro”, disse Lula, referindo-se ao escândalo revelado pelo portal UOL que trata da compra de 51 imóveis em dinheiro vivo pela família Bolsonaro.

Momentos depois da sabatina, Lula foi apontado como liderança crescente pela pesquisa Ipec, com oscilação de 44% para 46%, à frente de Bolsonaro, que se manteve com 31% das intenções de voto.

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