Justiça
Lava Jato: Como Cabral busca ‘pegar carona’ na decisão de Toffoli pró-Youssef
A ‘mácula’ na primeira etapa da operação, diz a defesa do ex-governador do Rio, ‘leva ao reconhecimento da nulidade de todas as 79 fases’
O ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral pediu ao ministro do Supremo Tribunal Federal Dias Toffoli, nesta quinta-feira 17, a extensão em seu benefício da decisão que anulou todos os atos da Lava Jato contra o doleiro Alberto Youssef.
A “mácula” na primeira etapa da operação, diz a defesa de Cabral, “leva ao reconhecimento da nulidade de todas as 79 fases”.
Os advogados ainda reforçam ter havido um conluio entre procuradores da força-tarefa de Curitiba (PR) e o então juiz Sergio Moro, atualmente senador pelo União Brasil do Paraná.
“As ilegalidades praticadas pelo então magistrado (…) em razão do seu projeto político de poder, em face de Alberto Youssef, corroboradas pelos elementos de prova extraídos da Operação Spoofing, demonstram, de maneira incontestável, que Sergio Cabral fora um dos alvos do conluio entre os agentes estatais que buscavam, a todo tempo, seus interesses pessoais”, escreveu a defesa de Cabral.
Toffoli ainda não se pronunciou sobre o pedido.
Na última terça-feira 15, ao decidir a favor de Youssef, o ministro enfatizou o entendimento de que houve violação de garantias fundamentais e colaboração forçada por meio do conluio entre Moro e MPF.
A ordem amplia o alcance de medidas semelhantes adotadas por Toffoli em favor de outros personagens centrais da operação. Nos últimos meses, o ministro anulou atos e sentenças contra Nelson Luiz de Freitas, ex-vice-presidente dos Correios; Paulo Bernardo, ex-ministro do Planejamento; o empresário Marcelo Odebrecht; e o ex-ministro Antonio Palocci.
Nos despachos, Toffoli apontou abusos processuais, uso político das investigações e parcialidade do sistema acusatório em Curitiba.
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