Justiça

Justiça nega pedido de prisão, mas torna Lucas Bove réu por agressão à ex

O deputado bolsonarista terá de pagar multa de 50 mil reais por violação de medidas judiciais

Justiça nega pedido de prisão, mas torna Lucas Bove réu por agressão à ex
Justiça nega pedido de prisão, mas torna Lucas Bove réu por agressão à ex
O deputado estadual Lucas Bove (PL-SP). Foto: Redes Sociais/Reprodução
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A Justiça de São Paulo tornou réu o deputado estadual bolsonarista Lucas Bove (PL-SP), acusado de violência doméstica contra a ex-esposa, a influenciadora Cíntia Chagas. Na mesma decisão, o juiz responsável pelo caso negou um pedido de prisão preventiva de Bove, mas determinou o pagamento de multa de 50 mil reais por violação de medidas judiciais.

A decisão é uma resposta a uma solicitação do Ministério Público de São Paulo, que havia recomendado a prisão preventiva do parlamentar. Entre as medidas que ele deixou de cumprir estava a proibição de menções à ex nas redes sociais.

Os descumprimentos foram reconhecidos pela Justiça. Entretanto, por terem se limitado ao meio digital, sem indicação de aproximação, ameaça direta ou risco imediato à integridade física de Chagas, a prisão foi negada.

Nas redes, a influenciadora celebrou a decisão judicial e reforçou a importância de mulheres procurarem ajuda após episódios de violência doméstica. “Depois de um ano e três meses, o meu ex-marido finalmente se tornou réu por violência física, violência psicológica, perseguição e ameaça. A justiça existe neste país. Denuncie.”

A advogada que representa Cíntia Chagas no caso, Gabriela Manssur, afirmou que o acolhimento da denúncia do Ministério Público “é um passo fundamental no combate à impunidade e um marco na aplicação da Lei Maria da Penha em sua plenitude, inclusive diante da violência praticada por meios digitais e institucionais”.

“Essa decisão também representa um recado firme para aqueles que tentam caluniar e descredibilizar não apenas as vítimas, mas também as mulheres que dedicam sua vida a defendê-las e protegê-las”, escreveu Manssur.

A defesa de Bove, por sua vez, sustenta que o pedido de prisão era “descabido” e que os advogados provarão a inocência do parlamentar. Em nota enviada à imprensa, os defensores do bolsonarista criticaram a ex-esposa dele.

“Essa defesa não cansará de ressaltar e não se conformar com o vazamento contínuo de informações a respeito do processo, que possui segredo e sigilo judicial, bem como que a intitulada vítima, Cintia Maria Chagas, mesmo havendo expressa ordem, continua a desrespeitar e descumprir as suas decisões restritivas, querendo criar suas falsas narrativas”, diz o texto.

A denúncia

As acusações contra Bove vieram a público após o fim do casamento, em 2024. O deputado, formado em Administração e Comércio Exterior, foi eleito em 2022 com 130.451 votos.

As agressões e as ameaças foram reveladas pelo colunista Léo Dias em seu blog. Ele teve acesso a um boletim de ocorrência registrado pela ex-mulher e a um pedido de medida protetiva contra o deputado. Os dois documentos foram registrados por Cíntia Chagas no início de setembro de 2024.

Segundo o depoimento da influenciadora à polícia, o relacionamento com Bove, iniciado em 2022, foi marcado por comportamentos abusivos. As agressões teriam começado ainda durante o namoro, quando o deputado exigia controle sobre as atividades dela, solicitando chamadas de vídeo para monitorar onde ela estava. O casamento, oficializado em uma cerimônia na Itália, durou apenas três meses.

O boletim de ocorrência relata que, em um dos episódios, Bove teria jogado uma faca na direção da ex-esposa, ferindo sua perna, e ameaçado “queimar seu corpo”. Em outra ocasião, o parlamentar bolsonarista teria demonstrado ciúmes e acusado Cíntia de querer encontrar homens ricos ao se matricular em uma academia. Ele ameaçou terminar o relacionamento caso ela prosseguisse com a inscrição.

Bove já foi alvo de pedido de cassação de mandato, mas o Conselho de Ética da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) arquivou o caso em agosto.

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