Política

Juiz condena Delgatti a 20 anos de prisão no caso que deu origem à Vaza Jato

O hacker está preso desde o início de agosto, quando a PF deflagrou uma operação sobre invasão a sistemas do Judiciário

O hacker Walter Delgatti. Foto: Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
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O juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal, condenou nesta segunda-feira 21 o hacker Walter Delgatti a 20 anos e um mês de prisão, além de 736 dias-multa, no âmbito da Operação Spoofing. Cabe recurso ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região.

A decisão atinge também outros seis investigados pela invasão de celulares de autoridades, a exemplo de procuradores da Lava Jato.

A ação dos hackers deu origem à série de reportagens conhecida como Vaza Jato. As matérias decorrentes dos diálogos expuseram a proximidade extraoficial entre integrantes do Ministério Público Federal envolvidos na operação, liderados por Deltan Dallagnol, e magistrados responsáveis por julgar os processos, especialmente Sergio Moro.

“Seus ataques cibernéticos foram direcionados a diversas autoridades públicas, em especial agentes responsáveis pela persecução penal, além de diversos outros indivíduos que possuem destaque social, bastando verificar as contas que tiveram conteúdo exportado”, diz um trecho da decisão. “A amplitude das vítimas é imensa e poderia render inúmeras ocasiões de extorsões.”

Delgatti foi condenado por:

  • invadir dispositivo informático de uso alheio para obter, adulterar ou destruir dados sem autorização;
  • interceptar comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo da Justiça;
  • organização criminosa; e
  • lavagem e ocultação de bens, direitos e valores.

Walter Delgatti está preso preventivamente desde 2 de agosto, devido a outro processo. Naquele dia, a Polícia Federal deflagrou uma operação contra os responsáveis por uma invasão ao sistema informatizado do Poder Judiciário. A corporação também cumpriu mandados de busca e apreensão em endereços ligados à deputada federal Carla Zambelli (PL-SP).

O juiz Ricardo Leite também condenou, nesta segunda-feira 21, por envolvimento na invasão de celulares de autoridades:

  • Gustavo Henrique Elias Santos: 13 anos e 9 meses;
  • Thiago Eliezer Martins Santos: 18 anos e 11 meses;
  • Suelen Priscila De Oliveira: 6 anos; e
  • Danilo Cristiano Marques: 10 anos e 5 meses.

Na última quinta-feira 17, em depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, Delgatti fez graves críticas a Moro, hoje senador pelo União Brasil.

“Fui vítima de uma perseguição em Araraquara, equiparada à que vossa excelência fez com o presidente Lula”, disse Delgatti ao ex-juiz. “Ressaltando que li as conversas de vossa excelência, li a parte privada, e posso dizer que o senhor é um criminoso contumaz. Cometeu diversas irregularidades e crimes.”

Advertido sobre a necessidade de “respeitar” o senador, o hacker pediu “escusas” e retirou as afirmações. Na sequência, Moro chamou Delgatti de “bandido” e reforçou que o depoente está preso preventivamente.

Delgatti, então, sugeriu que o ex-magistrado não foi preso apenas por contar com foro privilegiado.

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