Política

Jornal francês traz perfil do ‘capitão explosivo’ e imaturo que foi Jair Bolsonaro

‘A passagem pelo Exército revelou o Bolsonaro atual: ambicioso, polêmico, insubordinado e que mistura realidade e ficção’, diz a publicação

Foto: Reprodução/Redes Sociais
Apoie Siga-nos no

Em uma série especial de verão, o jornal Le Figaro publica, nesta terça-feira 27, um perfil sobre o presidente Jair Bolsonaro enfocando, principalmente, o seu passado militar.

“Antes de passar 27 anos no Congresso como deputado e ser eleito presidente, em 2018, Bolsonaro passou 15 anos no Exército, onde criou vários conflitos com seus superiores hierárquicos devido a um temperamento rebelde e indisciplinado”, explica o diário francês.

“Jovem tenente, Bolsonaro criou confusão com a hierarquia quando se envolveu em negócios pouco compatíveis com seu status de militar”, relata o jornal, citando os períodos em que Bolsonaro tentou ser agricultor, no sul do país e, posteriormente, garimpeiro de ouro no nordeste. Mesmo assim, ele foi promovido a capitão, em 1983, quando tinha 28 anos.

Le Figaro cita comentários feitos pelo coronel Carlos Alberto Pellegrino, que foi superior hierárquico de Bolsonaro e uma das fontes ouvidas pelo jornalista Luiz Maklouf Carvalho para o livro “O Cadete e o Capitão – A Vida de Jair Bolsonaro no Quartel”. Segundo o diário francês, Pellegrino detectou precocemente sinais de imaturidade em Bolsonaro, além de “uma ambição financeira e econômica excessiva”.

“Ele tinha a intenção de liderar os oficiais subalternos, no que foi sempre repelido, tanto em razão do tratamento agressivo dispensado a seus camaradas, como pela falta de lógica, racionalidade e equilíbrio na apresentação de seus argumentos”, disse Pellegrino em trecho do livro reproduzido pelo jornal francês.

O fim da carreira militar de Bolsonaro começou a se delinear quando ele publicou um artigo na revista Veja, em 1986, reclamando dos baixos salários dos cadetes. Vem dessa época a popularidade que ele ganhou na base do Exército, até hoje um elemento importante de seu eleitorado mais fiel, observa o diário. A gota d’água foi a descoberta, no ano seguinte, que ele e um amigo de farda, Fábio Passos, tinham um plano de explodir bombas em unidades militares do Rio de Janeiro para pressionar o comando.

Bombas e afastamento do Exército

O caso das bombas levou Bolsonaro a julgamento, conta o Le Figaro. Condenado inicialmente, depois absolvido pelo Superior Tribunal Militar, ele acabou sendo isolado dentro das Forças Armadas até abandonar a carreira para se aventurar na política.

“A passagem pelo Exército revelou o Bolsonaro atual: ambicioso, polêmico, intrépido, insubordinado, um homem que mistura realidade e ficção, uma personalidade considerada imatura por seus superiores e incapaz de comandar ou, ao contrário, um carismático”, sintetiza o diário francês.

O que veio depois todos sabem, conclui em tom de ironia Le Figaro.

ENTENDA MAIS SOBRE: , , ,

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo

Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome

Os Brasis divididos pelo bolsonarismo vivem, pensam e se informam em universos paralelos. A vitória de Lula nos dá, finalmente, perspectivas de retomada da vida em um país minimamente normal. Essa reconstrução, porém, será difícil e demorada. E seu apoio, leitor, é ainda mais fundamental.

Portanto, se você é daqueles brasileiros que ainda valorizam e acreditam no bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando. Contribua com o quanto puder.

Quero apoiar

Jornalismo crítico e inteligente. Todos os dias, no seu e-mail

Assine nossa newsletter

Assine nossa newsletter e receba um boletim matinal exclusivo