Jones Manoel avalia processar Mario Frias por ataque racista em rede social

Ministro da Cultura afirmou que o historiador e youtuber 'precisa de um bom banho'. 'O mínimo que ele merece é um processo. Racismo é crime'

O secretário especial da Cultura, Mario Frias. Foto: Marcello Casal Jr./Agência Brasil

Apoie Siga-nos no

O secretário especial de Cultura e ex-ator, Mario Frias, sugeriu um “bom banho” para o historiador e youtuber Jones Manoel, homem negro de 30 anos, militante do Partido Comunista Brasileiro.

 

 

Frias respondia a uma publicação de Tércio Arnaud Tomaz, assessor especial do presidente Jair Bolsonaro, que perguntava quem era Jones Manoel. O Twitter, no entanto, tirou a mensagem de Frias do ar.

“Realmente, eu não sei. Mas se eu soubesse diria que ele precisa de um bom banho”, escreveu Frias.


Ouvido por CartaCapital, Manoel disse que avalia entrar com um processo contra o secretário de Cultura por crime de racismo. O historiador afirmou que está recebendo assistência de advogados populares.

 

“O mínimo que ele merece é um processo por essa declaração. Racismo é crime.”

 

O historiador lembrou que o governo tem conduta racista por meio de diversas figuras, inclusive pelo próprio presidente da República, que já foi autor de declarações preconceituosas contra negros e quilombolas. Na semana passada, o chefe do Planalto associou o cabelo black power a um criadouro de baratas. O ato desencadeou a abertura de um processo por racismo.

“O bolsonarismo é formado pelo encontro entre liberalismo econômico, lavajatismo, partido fardado dos militares e fascismo. E o fascismo é necessariamente racista”, disse Jones Manoel à reportagem. “Isso é um elemento recorrente desse governo. Mario Frias se sente à vontade para, publicamente, verbalizar uma declaração abertamente racista.”

Partidos de oposição e figuras famosas, como o influenciador Felipe Neto, manifestaram apoio a Manoel.

 

 


A postagem de Tomaz citava publicação em que Manoel disse que já teria comprado fogos após a notícia sobre a internação de Bolsonaro. Representantes do governo condenam o ato. O presidente da República foi encaminhado ao Hospital Vila Nova Star, em São Paulo, na quinta-feira 14, com um quadro de obstrução intestinal.

Questionado, Manoel afirmou que não tem “empatia” por Bolsonaro.

“Eu não tenho empatia com um fascista e um racista. Sim, eu desejo o pior possível para Bolsonaro. Como diria o rapper Djonga, fogo nos racistas”, declarou à reportagem.

Hoje internado, Bolsonaro desejou, em 2015, a morte da então presidente Dilma Rousseff (PT), por “infarto ou câncer”. Também ironizou a tortura sofrida por ela durante a ditadura militar. Bolsonaro, aliás, é admirador declarado do torturador Brilhante Ustra, que comandou operações de perseguição no regime.

O presidente, agora, é investigado por se omitir ou mesmo atrapalhar a adoção de medidas de prevenção à saúde durante a pandemia. Autor da polêmica declaração “E daí? Eu lamento, quer que eu faça o quê?”, em abril de 2020, o chefe do Planalto segue em campanha contra ações sanitárias recomendadas por especialistas.

Leia também

Para proteger e incentivar discussões produtivas, os comentários são exclusivos para assinantes de CartaCapital.

Já é assinante? Faça login
ASSINE CARTACAPITAL Seja assinante! Aproveite conteúdos exclusivos e tenha acesso total ao site.
Os comentários não representam a opinião da revista. A responsabilidade é do autor da mensagem.

0 comentário

Um minuto, por favor…

O bolsonarismo perdeu a batalha das urnas, mas não está morto.

Diante de um país tão dividido e arrasado, é preciso centrar esforços em uma reconstrução.

Seu apoio, leitor, será ainda mais fundamental.

Se você valoriza o bom jornalismo, ajude CartaCapital a seguir lutando por um novo Brasil.

Assine a edição semanal da revista;

Ou contribua, com o quanto puder.