‘Jesus escolheu um dos 12 errado, por que eu não posso errar?’, diz Bolsonaro sobre ‘ministros traidores’

O presidente da República Jair Bolsonaro (PL) lamentou as acusações e ataques que tem recebido de ex-aliados nesta terça-feira 1º. O ex-capitão, em conversa com apoiadores no cercadinho do Alvorada, não citou diretamente quem seriam os alvos do lamúrio, mas comparou a situação com a contenda bíblica entre Judas e Jesus Cristo.

“Tem uns que a gente escolhe errado, Jesus escolheu um dos 12 errado, por que eu não posso errar, eu sou Messias, né?”, disse Bolsonaro após receber um elogio de um apoiador pela composição da sua equipe de ministros.

Um pouco antes, o ex-capitão já havia lamentado a ‘traição’ sofrida. Ao tratar do caso, ele não citou nomes, mas usou as mesmas expressões de quando se referiu, recentemente, ao ex-juiz e ex-ministro Sergio Moro.

“Pra dividir é fácil, destruir você é fácil, o duro é ajudar. Uma palavra destrói a reputação, acusações falsas de gente que teve do meu lado, vários meses, de repente muda o disco”, lamentou Bolsonaro.

A lista de ex-ministros e outros políticos que se tornaram ‘inimigos do governo’ é longa, por isso não é possível afirmar que a frase era uma referência direta ao ex-juiz. Só nos ministérios, além de Moro, são considerados traidores, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, ambos da Saúde, e o ex-ministro da Secretaria de Governo, general Carlos Alberto dos Santos Cruz.

Aos apoiadores, Bolsonaro ainda promoveu novos ataques ao ex-presidente Lula (PT), também sem nomear diretamente o adversário, mas, neste caso, com referências bem mais claras ao petista. Sobre o ex-presidente, Bolsonaro destacou a ‘suposta roubalheira’ do governo comandado por ele, além de culpá-lo pelo alto preço dos combustíveis.

“É impressionante, eu não tenho como prever o seu futuro, mas se eu ver seu passado, com certeza, dá pra ter uma noção de quem é você. A gente vê cara aí que defende aborto, desarmamento, MST, não é favorável a propriedade privada, admira ditaduras pelo mundo todo, vê imagens dele em locais que são incompatíveis”, listou Bolsonaro para deixar claro aos apoiadores que falaria de Lula.

“Ele fala por aí ‘vou passar a gasolina a 3 reais’, ‘vou aumentar o salário mínimo’, ‘vou não sei o que lá’…promessa, pô. Quero ver ele encarar uma realidade, pegar o governo que eu peguei, de três anos com dois de pandemia pra ele ver a barra pesada que foi”, finalizou o ataque.

Mais adiante, Bolsonaro também voltou a usar expressões ‘dentro das quatro linhas’ e ‘vencer a guerra’ para tratar da sua relação com os demais Poderes. Novamente, acusou os outros dois Poderes de interferirem no seu trabalho.