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Itamaraty: Declarações cínicas de Israel após soldados abrirem fogo contra palestinos ‘devem ser a gota d’água’

Ao menos 112 pessoas morreram e 750 outras ficaram feridas depois que militares israelenses abriram fogo contra cidadãos palestinos que buscavam comida

Registro israelense de palestinos em torno de caminhões de ajuda humanitária, em 29 de fevereiro de 2024. Foto: Aline Manoukian/Exército Isralenese/AFP
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O governo brasileiro se pronunciou, nesta sexta-feira 1⁠º, caracterizando como massacre as mortes de civis por soldados israelenses enquanto recebiam comida em um comboio de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.

Ao menos 112 pessoas morreram e 750 outras ficaram feridas depois que militares de Israel abriram fogo contra cidadãos palestinos que buscavam comida.

De acordo com o Itamaraty, a situação é inaceitável e requer uma investigação rigorosa para determinar os responsáveis pelas mortes e ferimentos ocorridos.O comunicado enfatiza ainda que as aglomerações em torno dos comboios de ajuda refletem o desespero da população civil de Gaza e as dificuldades enfrentadas para obter alimentos.

“Trata-se de uma situação intolerável, que vai muito além da necessária apuração de responsabilidades pelos mortos e feridos de ontem”, destacou o Ministério das Relações Exteriores no texto. “O governo Netanyahu volta a mostrar, por ações e declarações, que a ação militar em Gaza não tem qualquer limite ético ou legal”.

A pasta também condenou as declarações feitas por autoridades do governo Netanyahu, que responsabilizaram as vítimas pelo ocorrido.”Declarações cínicas e ofensivas às vítimas do incidente, feitas horas depois por alta autoridade do governo Netanyahu, devem ser a gota d’água para qualquer um que realmente acredite no valor da vida humana”, diz trecho do comunicado.

O Itamaraty também repudiou as declarações de Itamar Ben-Gvir, membro do gabinete do primeiro-ministro, que elogiou a ação dos militares e criticou o envio de suprimentos básicos para Gaza.

“Deve ser dado apoio total aos nossos heroicos combatentes que operam em Gaza, que agiram de forma excelente contra uma multidão de Gaza que tentou prejudicá-los”, escreveu Itamar Ben-Gvir, ministro da Segurança Nacional, no X, o antigo Twitter. O ministro argumentou ainda que as ajudas humanitárias prejudicam os soldados israelenses e beneficiam o Hamas.

O comunicado Brasil destaca também que a situação em Gaza tem sido amplamente denunciada por diversos organismos e entidades, especialmente em relação à retenção de caminhões de ajuda humanitária e ao agravamento da fome e do desespero entre a população. “Cabe à comunidade internacional dar um basta para, somente assim, evitar novas atrocidades. A cada dia de hesitação, mais inocentes morrerão.”

Por fim, o Itamaraty expressou solidariedade ao povo palestino, relembrou as mais de 30 mil mortes em Gaza desde o início do conflito, e reiterou a urgência de um cessar-fogo, da entrada adequada de ajuda humanitária em Gaza e da libertação de todos os reféns.

O Brasil também lembrou a importância de se cumprir as medidas cautelares da Corte Internacional de Justiça, que exigem que Israel tome todas as medidas possíveis para prevenir atos considerados genocídio, conforme estabelecido no Artigo II da Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio.

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