Mundo
Itamaraty: Declarações cínicas de Israel após soldados abrirem fogo contra palestinos ‘devem ser a gota d’água’
Ao menos 112 pessoas morreram e 750 outras ficaram feridas depois que militares israelenses abriram fogo contra cidadãos palestinos que buscavam comida


O governo brasileiro se pronunciou, nesta sexta-feira 1º, caracterizando como massacre as mortes de civis por soldados israelenses enquanto recebiam comida em um comboio de ajuda humanitária na Faixa de Gaza.
Ao menos 112 pessoas morreram e 750 outras ficaram feridas depois que militares de Israel abriram fogo contra cidadãos palestinos que buscavam comida.
De acordo com o Itamaraty, a situação é inaceitável e requer uma investigação rigorosa para determinar os responsáveis pelas mortes e ferimentos ocorridos.O comunicado enfatiza ainda que as aglomerações em torno dos comboios de ajuda refletem o desespero da população civil de Gaza e as dificuldades enfrentadas para obter alimentos.
“Trata-se de uma situação intolerável, que vai muito além da necessária apuração de responsabilidades pelos mortos e feridos de ontem”, destacou o Ministério das Relações Exteriores no texto. “O governo Netanyahu volta a mostrar, por ações e declarações, que a ação militar em Gaza não tem qualquer limite ético ou legal”.
A pasta também condenou as declarações feitas por autoridades do governo Netanyahu, que responsabilizaram as vítimas pelo ocorrido.”Declarações cínicas e ofensivas às vítimas do incidente, feitas horas depois por alta autoridade do governo Netanyahu, devem ser a gota d’água para qualquer um que realmente acredite no valor da vida humana”, diz trecho do comunicado.
O Itamaraty também repudiou as declarações de Itamar Ben-Gvir, membro do gabinete do primeiro-ministro, que elogiou a ação dos militares e criticou o envio de suprimentos básicos para Gaza.
“Deve ser dado apoio total aos nossos heroicos combatentes que operam em Gaza, que agiram de forma excelente contra uma multidão de Gaza que tentou prejudicá-los”, escreveu Itamar Ben-Gvir, ministro da Segurança Nacional, no X, o antigo Twitter. O ministro argumentou ainda que as ajudas humanitárias prejudicam os soldados israelenses e beneficiam o Hamas.
O comunicado Brasil destaca também que a situação em Gaza tem sido amplamente denunciada por diversos organismos e entidades, especialmente em relação à retenção de caminhões de ajuda humanitária e ao agravamento da fome e do desespero entre a população. “Cabe à comunidade internacional dar um basta para, somente assim, evitar novas atrocidades. A cada dia de hesitação, mais inocentes morrerão.”
Por fim, o Itamaraty expressou solidariedade ao povo palestino, relembrou as mais de 30 mil mortes em Gaza desde o início do conflito, e reiterou a urgência de um cessar-fogo, da entrada adequada de ajuda humanitária em Gaza e da libertação de todos os reféns.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também

ONU condena mortes durante entrega de ajuda em Gaza; EUA cobram ‘respostas’ de Israel
Por CartaCapital
Mais de 25 mil mulheres e crianças morreram em Gaza desde outubro, diz chefe do Pentágono
Por AFP
Soldados de Israel atiram contra multidão desesperada para obter ajuda em Gaza
Por AFP
Lula volta a denunciar ‘genocídio’ na Faixa de Gaza e critica gastos com armamento
Por Wendal Carmo