Economia
Isenção do IR: Senado deve aprovar projeto rapidamente, avaliam senadores
A projeção de tramitação rapida do projeto na Casa Alta é compartilhada por governistas e membros da bancada da oposição
Depois de mais de seis meses de tramitação, a Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira 1º o projeto de lei que prevê a isenção do Imposto de Renda (IR) para quem recebe até 5 mil reais mensais, além de descontos para quem ganha até 7.350 reais. Esse projeto (PL 1.087/25) foi proposto pelo governo federal.
A expectativa dos senadores é que a matéria tramite de forma mais rápida no Senado e possa valer já no próximo ano. Para entrar em vigor em 2026, o texto precisa ser aprovado pelo Congresso e sancionado pelo presidente da República ainda em 2025.
O líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), avalia que a votação do projeto no Plenário do Senado deve ocorrer até o início de novembro. Mas, antes disso, o texto precisa passar pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE).
“Tem de passar rápido, porque o brasileiro não quer pagar imposto no ano que vem. Nossa expectativa é que até novembro a gente possa votar aqui [no Plenário do Senado]. No máximo, no começo de novembro”, disse Randolfe.
O senador Izalci Lucas (PL-DF) considera que a proposta não enfrentará obstáculos no Senado.
“Acho que vai aprovar. É evidente que haverá alguns destaques. A proposta do PL é ampliar a faixa de isenção para 10 mil reais, e não para 5 mil reais, que ainda é pouco. Chegando aqui [no Senado], votamos rápido”, reiterou.
O Senado já havia aprovado um projeto semelhante na semana passada, na Comissão de Assuntos Econômicos. O senador Renan Calheiros (MDB-AL), presidente da CAE, foi o relator da proposta, que foi encaminhada à Câmara. Conforme ele mesmo contou, essa decisão teve o objetivo de pressionar aquela Casa a aprovar o projeto do governo.
Compensação
Atualmente, estão isentos do Imposto de Renda os contribuintes que recebem até 3.036 reais por mês. Para compensar a ampliação dessa faixa de isenção — que terá um custo estimado de 25,8 bilhões de reais aos cofres públicos —, o projeto propõe a criação de um “imposto mínimo” sobre a renda de pessoas físicas de alta renda, cujos ganhos costumam incluir parcelas isentas, como lucros e dividendos.
De acordo com a proposta, o novo imposto incidirá sobre contribuintes que recebem acima de 50 mil reais por mês (ou 600 mil reais por ano). A alíquota será progressiva, chegando a 10% para quem ganha 100 mil reais ou mais por mês (equivalente a 1,2 milhão de reais por ano).
Segundo o governo, cerca de 141 mil contribuintes poderão ser impactados pelo novo imposto. Atualmente, esse grupo paga, em média, apenas 2,5% de Imposto de Renda efetivo sobre seus rendimentos totais.
Correção da tabela
O texto aprovado pela Câmara passou por alterações promovidas pelo deputado federal Arthur Lira (PP-AL), que foi o relator da matéria. O texto prevê que o Poder Executivo envie ao Congresso, no prazo de um ano, uma proposta de política nacional de atualização da tabela do Imposto de Renda.
A justificativa apresentada pelo governo, quando apresentou seu projeto, é que a iniciativa beneficiará diretamente cerca de 15 milhões de pessoas, enquanto apenas aproximadamente 140 mil contribuintes de alta renda serão impactados pela compensação da nova faixa de isenção.
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