Política

Invasão da Esplanada por bolsonaristas põe em xeque atuação da PM do Distrito Federal

Apoiadores do ex-presidente com quem a reportagem conversou admitiram que contavam com a condescendência de agentes de segurança

Invasão da Esplanada por bolsonaristas põe em xeque atuação da PM do Distrito Federal
Invasão da Esplanada por bolsonaristas põe em xeque atuação da PM do Distrito Federal
Foto: EVARISTO SA / AFP
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Após bolsonaristas invadirem a Esplanada dos Ministérios, em Brasília, o governo do Distrito Federal confirmou que aumentará o efetivo policial no local.

Os apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) furaram a barreira de proteção colocada pelas forças de segurança do DF e da Força Nacional e entraram no Congresso Nacional, no Supremo Tribunal Federal e no Palácio do Planalto em protesto contra a vitória do presidente Lula (PT).

O secretário de Segurança Pública do DF, Anderson Torres, que é ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, afirmou que determinou “ao setor de operações da SSPDF providências imediatas para o restabelecimento da ordem”. Torres foi exonerado.

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que, em conversa com o governador Ibaneis Rocha (MDB), foi informado que o governo do DF “está concentrando os esforços de todo o aparato policial no sentido de controlar a situação”.

“Na ação, estão empenhadas as forças de segurança do Distrito Federal, além da Polícia Legislativa do Congresso”, escreveu Pacheco. “Repudio veementemente esses atos antidemocráticos, que devem sofrer o rigor da lei com urgência”.

O ministro da Justiça, Flávio Dino (PSB), usou as redes sociais para dizer que “a absurda tentativa de impor a vontade pela força não vai prevalecer”.

“O governo do Distrito Federal afirma que haverá reforços”, garantiu. “E as forças de que dispomos estão agindo”.

O governo federal já esperava a reação bolsonarista neste fim de semana. Dino autorizou o uso da Força Nacional de sábado 7 até segunda-feira 9 para garantir a proteção do local. A decisão ocorreu logo após convocações de protestos.

Nas redes sociais, o ministro afirmou que adotou a medida “em face de ameaças veiculadas contra a democracia”. A portaria assinada por ele determina o emprego da Força Nacional de Segurança Pública para auxiliar na proteção da ordem e do patrimônio público e privado.

No sábado, Dino já havia informado que definiria novas providências sobre os atos antidemocráticos e que “pequenos grupos extremistas não vão mandar no Brasil”.

CartaCapital esteve no Quartel General do Exército da capital federal neste domingo e constatou que há um número maior de bolsonaristas do que nos últimos dias.

“Nós não vamos quebrar. Vamos entrar [na Esplanada] em uma casa que é nossa”, disse um dos participantes que veio do interior de São Paulo. “A ideia é juntar muita gente para invadir”.

Apoiadores de Bolsonaro com quem a reportagem conversou admitiram que contavam com a condescendência de policiais militares nos atos golpistas. “Eles não falam abertamente, mas acenam positivamente com a cabeça”, disse um bolsonarista.

A estratégia para chegar à Esplanada consistia em aglomerar o maior número de pessoas no local para só então iniciar a invasão. “Trouxe máscara e proteção para balas de borracha”, confessou um militante enquanto CartaCapital esteve no local.

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