Política
Intervenção de Bolsonaro na Petrobras divide brasileiros, mostra pesquisa
Divergência entre apoiadores e críticos ao presidente é explícita, mas maioria ainda converge contra privatizações no Brasil


A percepção da população sobre a interferência do presidente Jair Bolsonaro na Petrobras ficou dividida, segundo uma pesquisa realizada pela XP/Ipespe e divulgada nesta quinta-feira 25.
Entre os 800 entrevistados, 40% avaliam negativamente a indicação de troca de presidente da estatal, enquanto 38% veem com bons olhos a medida. Outros 23% não responderam. A margem de erro é de 3,5 pontos percentuais.
No recorte dos eleitores de Bolsonaro, 62% aprovaram a medida do presidente e 18% a julgaram ruim. A proporção é quase inversa entre os demais eleitores: 60% acreditam que a troca foi um erro e 15%, um acerto. Os restantes, para ambos os grupos, não quiseram ou não souberam responder.
A motivação da troca, impulsionada pela a alta no preço dos combustíveis, gás de cozinha e outros insumos afetados pela variação do petróleo no mercado internacional, encontrou mais unidade entre apoiadores e críticos a Bolsonaro.
Entre todos os entrevistados, cerca de 41% acreditam que os preços devam ser definidos pelo mercado, mas com períodos estipulados para o reajuste – porcentagem praticamente empatada entre os não-eleitores do presidente (41%) e os eleitores (40%).
Também há concordância de 25%, com índices semelhantes entre as preferências políticas, de que somente o mercado deveria ser capaz de regular os preços. Já no ponto da total interferência do estado, bolsonaristas (22%) foram mais favoráveis do que a oposição (15%), mesmo com a condição de que a compensação fiscal viesse com o aumento de impostos.
Em comparativo com índices coletados em junho de 2018, a pesquisa também mostrou o alto índice de rejeição da população às privatizações, apesar de uma leve indicação de maior apreço pela pauta nos últimos anos: 59% dos entrevistados se posicionaram contra a medida, uma baixa de 5 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior. Outros 32% se colocaram favoráveis, alta de 4 pontos. 10% não souberam responder.
Para além das intenções privatistas, ao menos em tese, da equipe econômica de Paulo Guedes, a pesquisa também indicou que os entrevistados colocam-se amplamente favoráveis à manutenção do auxílio emergencial.
O valor utilizado foi de um benefício “entre 200 e 300 reais”, ao qual 69% respondeu que o governo deveria financiar. A criação de um novo auxílio é dada como certa para 60% dos respondentes.
Leia a íntegra da pesquisa.
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