Justiça

Indiciado pela PF no inquérito do golpe, Valdemar escapa de denúncia da PGR

O procurador Paulo Gonet não viu provas contra o líder do PL, mas adverte que novas evidências podem reacender investigações

Indiciado pela PF no inquérito do golpe, Valdemar escapa de denúncia da PGR
Indiciado pela PF no inquérito do golpe, Valdemar escapa de denúncia da PGR
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto. Foto: Evaristo Sá/AFP
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O presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, escapou da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República no bojo do inquérito do golpe. O dirigente partidário havia sido indiciado pela Polícia Federal no ano passado por associação criminosa e tentativa de abolição do Estado de Direito.

Não há menção a Valdemar em nenhuma das 272 páginas do documento enviado ao ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no Supremo Tribunal Federal, nesta terça-feira. O PGR denunciou o ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 33 pessoas por envolvimento na trama golpista para mantê-lo no poder após a derrota para Lula (PT), em 2022.

O relatório da PF sustentava que o cacique do PL teria atuado “de forma coordenada” para manter o ex-capitão no poder, mesmo tendo “ciência da falsidade das alegações de fraude eleitoral”. Sua participação no esquema, afirmaram os investigadores, aconteceu, por meio da chamada “Representação Eleitoral para Verificação Extraordinária” — um parecer fajuto, apresentado ao TSE, que questionava a lisura das urnas eletrônicas.

“Essa representação foi elaborada com a participação de diversos membros da organização criminosa, incluindo Carlos Rocha e Éder Balbino, com quem Valdemar mantinha contato direto”, destacou a corporação no documento, à época.

Para Gonet, porém, não foram apresentadas provas que justificassem a denúncia contra Valdemar. O procurador apontou, contudo, que a ausência de determinados nomes na denúncia não significa o arquivamento e novos elementos de prova podem resultar na retomada das investigações contra eles. CartaCapital pediu uma manifestação ao cacique do PL e aguarda retorno.

Também não foram enquadrados pela PGR o jurista Amauri Feres Saad, apontado na delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid como um dos responsáveis por apresentar a Bolsonaro uma minuta golpista contra o resultado das eleições, e o padre José Eduardo de Oliveira e Silva, acusado de participar dessas reuniões.

O ex-assessor presidencial Tércio Arnaud Tomaz, acusado de integrar o gabinete do ódio e auxiliar na disseminação de notícias falsas, também escapou. Por outro lado, o coronel Márcio Nunes Resende de Araújo foi incluído na lista de denunciados sob suspeita de integrar as articulações golpistas.

A denúncia da PGR é apenas o primeiro passo de um longo processo judicial. A partir de agora, Moraes deve abrir prazo para que todos os envolvidos se manifestem. Em seguida, submete a denúncia a julgamento na Primeira Turma do STF, onde os ministros decidem se tornam os acusados réus ou não pelos crimes apontados.

Somente após esse rito inicia-se a fase de instrução do processo, quando são colhidas outras provas e ocorrem os depoimentos das partes. Também é nesta etapa que as defesas podem pedir a realização de diligência e perícias em elementos encontrados pela PF, além da nulidade de provas.

Uma vez encerrada a instrução do caso, o relator elabora seu voto e leva o caso a julgamento. Não há prazo para isso acontecer.

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