Mundo
Haddad diz que possível vitória de Milei na Argentina preocupa Brasil
O candidato argentino já deu indicações de que, se eleito, a Argentina pode deixar o Mercosul e cortar relações com o Brasil
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que uma possível vitória do candidato da extrema-direita Javier Milei nas eleições da Argentina preocupa o Brasil.
“É natural que eu esteja (preocupado). Uma pessoa que tem como uma bandeira romper com o Brasil, uma relação construída ao longo de séculos, preocupa“, declarou Haddad em entrevista à agência Reuters divulgada nesta quinta-feira 19. “É natural isso. Preocuparia qualquer um. Porque em geral, nas relações internacionais, você não ideologiza a relação”.
Um dos rompimentos ao qual o ministro da Fazenda se refere é o da Argentina com o Mercosul — principal bloco econômico dos países da América do Sul. Milei já deu indicações de que, se eleito, a Argentina deve deixar o bloco.
Recentemente, o candidato argentino recebeu o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e deu declarações críticas ao presidente Lula (PT), a quem chamou “comunista raivoso” e “socialista com vocação totalitária”.
“Não se transpõe para as relações internacionais as questões internas. Mesmo quando você tem preferências, manifestas ou não”, disse Haddad. “É um vizinho do Brasil, principal parceiro na América do Sul. Então preocupa quando um candidato diz que vai romper com o Brasil. Você fez o quê para merecer esse tipo de tratamento?”
As eleições para o novo comando da Argentina ocorrerão no próximo domingo 22. Se nenhum dos candidatos alcance 45% dos votos válidos, haverá um segundo turno, marcado para 19 de novembro.
Na última pesquisa de intenções de voto divulgada na sexta-feira 13 pela AtlasIntel, o candidato governista Sergio Massa, aparece na frente com 30,9% das intenções de voto, ele é atual ministro da Economia e representante do peronismo. Em seguida Javier Milei com 26,5% e Patricia Bullrich, 24,4%, candidata apoiada pelo ex-presidente argentino Mauricio Macri.
Haddad já havia verbalizado, recentemente, a postura crítica do governo Lula diante de uma eventual vitória de Milei. Naquela ocasião, ele avaliou que um resultado eleitoral ‘exótico’ fosse registrado na Argentina, o já complicado acordo entre Mercosul e União Europeia poderia estar comprometido de forma definitiva.
Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
Muita gente esqueceu o que escreveu, disse ou defendeu. Nós não. O compromisso de CartaCapital com os princípios do bom jornalismo permanece o mesmo.
O combate à desigualdade nos importa. A denúncia das injustiças importa. Importa uma democracia digna do nome. Importa o apego à verdade factual e a honestidade.
Estamos aqui, há 30 anos, porque nos importamos. Como nossos fiéis leitores, CartaCapital segue atenta.
Se o bom jornalismo também importa para você, nos ajude a seguir lutando. Assine a edição semanal de CartaCapital ou contribua com o quanto puder.
Leia também
Alberto Fernández vai à Justiça contra Milei após dólar paralelo disparar na Argentina
Por CartaCapital
No debate argentino, Milei nega aquecimento global e Massa se defende da crise; veja os destaques
Por André Lucena
Como a Argentina chega à semana mais decisiva de sua eleição presidencial
Por André Lucena
‘O pior passou e o melhor está por vir’: o mote do encerramento da campanha de Massa na Argentina
Por CartaCapital


