Política

Hacker confirma plano para roubar dados de Moraes e diz prestar serviços para Zambelli

O objetivo seria clonar o chip do celular do ministro para obter acesso aos e-mails; Walter Delgatti ficou conhecido pela chamada Vaza Jato

Marcelo Camargo/Agência Brasil
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hacker Walter Delgatti Neto, cuja fama nasceu da série de reportagens conhecida como Vaza Jato, admitiu a tentativa de invadir o celular de Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo Tribunal Federal. Em gravações reveladas pelo site The Brazilian Report, Delgatti conversa com uma pessoa sobre o plano e afirma estar disposto a pagar 10 mil reais pelo serviço.

O objetivo seria clonar o chip do celular de Moraes para obter acesso aos e-mails do magistrado. “Aí, tipo, tem um pessoal que vai pagar aqui por trás e eu consigo te dar aí uns 10 K [10 mil reais]. Fácil”, diz Delgatti no áudio. Ao veículo, confirmou a veracidade da gravação.

Ele também atestou prestar serviços para a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) desde o segundo semestre do ano passado. Sua atribuição seria administrar redes sociais e um site para a bolsonarista. Pelo serviço, receberia um salário de 6 mil reais.

Delgatti alegou, porém, que Zambelli não teria relação com o plano para roubar dados pessoais de Alexandre de Moraes.

“O pessoal da esquerda que me ajudava parou de me ajudar e eu falei: ‘Carla, me ajuda aí, me dá um emprego’. E ela falou: ‘beleza, tenho um contrato aqui com o pessoal que cuida do site e das redes sociais que vai encerrar e, se você cobrir o valor, eu te contrato’. E foi isso. Eu presto serviço pra ela direitinho, tem tudo detalhado”, relatou.

O nome de Walter Delgatti voltou ao noticiário na semana passada, ante a notícia de que ele teria sido acionado em setembro pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) para grampear ilegalmente Moraes. A informação foi divulgada pela revista Veja.

A reportagem também liga Delgatti à invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça, em janeiro, por meio da qual foi “expedido” um falso mandado de prisão de Moraes. Outras consequências que não haviam sido divulgadas envolvem a emissão de mais dois documentos falsos: uma ordem de bloqueio de bens de Moraes e uma quebra de sigilo do magistrado. O CNJ e a Polícia Federal investigam o episódio.

Em agosto passado, o advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, confirmou que seu cliente esteve em Brasília e se encontrou com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, na sede do partido. De acordo com o defensor, os dois foram levados ao local por Carla Zambelli. À época, fotos apontaram que Delgatti também teria se encontrado com Bolsonaro, no Palácio da Alvorada. 

O envolvimento de Walter Delgatti com Bolsonaro teria ocorrido três meses antes do suposto plano golpista desenvolvido pelo então presidente e pelo ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). A trama teria sido relatada em dezembro ao senador Marcos do Val (Podemos-ES), que prestou depoimento à Polícia Federal na última quinta 2. A ideia seria grampear ilegalmente Alexandre de Moraes, a fim de que a gravação servisse para prender o magistrado e viabilizar um golpe de Estado.

Na última sexta 3, Moraes determinou a abertura de uma apuração contra Marcos do Val. O ministro do STF considerou que, diante das diferentes versões apresentadas pelo parlamentar, deve-se apurar se ele cometeu os crimes  de falso testemunho, denunciação caluniosa e coação.

Ao Brazilian Report, Zambelli declarou que Delgatti nunca havia trabalhado para ela. Informada de que o próprio hacker foi gravado confirmado o contrato, ela ajustou a afirmação. “Eu não tenho qualquer relação com Walter no que tange grampear o Moraes”, respondeu a deputada de extrema-direita por mensagem de texto.

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