Política

Plano de grampo contra Moraes pode ter nascido em setembro e envolvido hacker, diz revista

Na suposta interação, Bolsonaro teria alegado que já haviam conseguido interceptar mensagens trocadas entre o ministro e servidores do Judiciário

Walter Delgatti Neto, o hacker que invadiu o Telegram da Lava Jato. Foto: Reprodução
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O hacker Walter Delgatti Neto, cuja fama nasceu da série de reportagens conhecida como Vaza Jato, teria sido acionado pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) e pela deputada Carla Zambelli (PL-SP), em setembro de 2022, para grampear ilegalmente Alexandre de Moraes, presidente do Tribunal Superior Eleitoral e ministro do Supremo Tribunal Federal. A informação é da revista Veja.

Na suposta interação com Delgatti, diz o veículo, Bolsonaro teria alegado que já haviam conseguido interceptar mensagens trocadas entre Moraes e servidores do Poder Judiciário sobre urnas e eleições. O hacker, então, teria ficado à espera de novas instruções.

Enquanto isso, Delgatti teria procurado um funcionário da operadora Tim a fim de obter ajuda para executar o grampo ilegal de Moraes. A tática se basearia na obtenção de um chip com o mesmo número usado pelo ministro, mas o interlocutor não teria aceitado participar da trama. Um trecho do suposto diálogo, gravado sem o conhecimento do hacker, foi divulgado nesta segunda.

A reportagem também liga Delgatti à invasão dos sistemas do Conselho Nacional de Justiça, em janeiro, por meio da qual foi “expedido” um falso mandado de prisão de Alexandre de Moraes. Outras consequências que não haviam sido divulgadas envolvem a emissão de mais dois documentos falsos: uma ordem de bloqueio de bens de Moraes e uma quebra de sigilo do magistrado. O CNJ e a Polícia Federal investigam o episódio.

Em agosto passado, o advogado de Delgatti, Ariovaldo Moreira, confirmou que seu cliente esteve em Brasília e se encontrou com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, na sede do partido. De acordo com o defensor, os dois foram levados ao local por Carla Zambelli. À época, fotos apontaram que Delgatti também teria se encontrado com Bolsonaro, no Palácio da Alvorada. 

O envolvimento de Walter Delgatti com Bolsonaro teria ocorrido três meses antes do suposto plano golpista desenvolvido pelo então presidente e pelo ex-deputado Daniel Silveira (PTB-RJ). A trama teria sido relatada em dezembro ao senador Marcos do Val (Podemos-ES), que prestou depoimento à Polícia Federal na última quinta 2. A ideia seria grampear ilegalmente Alexandre de Moraes, a fim de que a gravação servisse para prender o magistrado e viabilizar um golpe de Estado.

Na última sexta 3, Moraes determinou a abertura de uma apuração contra Marcos do Val. O ministro do STF considerou que, diante das diferentes versões apresentadas pelo parlamentar, deve-se apurar se ele cometeu os crimes  de falso testemunho, denunciação caluniosa e coação.

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