Economia

Guedes admite que crise institucional, provocada por Bolsonaro, pode ‘desacelerar crescimento’

Em evento nesta sexta-feira 10, o ministro da Economia chamou o caos político de ‘barulho sobre instituições e democracia’

PAULO GUEDES, MINISTRO DA ECONOMIA. FOTO: MARCOS CORRÊA/PR
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O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu nesta sexta-feira 10 que o “barulho político” pode impactar o ritmo de crescimento da economia brasileira. A declaração vem em meio à crise institucional causada pelo presidente Jair Bolsonaro com ameaças golpistas ao Supremo Tribunal Federal.

Em evento virtual do banco Credit Suisse, Guedes afirmou, porém, que a nota divulgada na quinta-feira 9 em que Bolsonaro recua dos ataques à democracia “colocou tudo de volta nos trilhos”. Em inglês, também disse que Bolsonaro “pode ter ultrapassado limites em palavras”, mas não em atos.

“A pergunta é se poderia todo esse barulho sobre instituições e democracia atrapalhar essa bem posicionada economia. Minha resposta é: isso poderia gerar muito barulho, isso poderia desacelerar o crescimento, mas não mudaremos a direção. Interrompemos a rota errada. Estamos de volta aos negócios”, avaliou o ministro.

Além da incerteza geral provocada pelos ataques de Bolsonaro, as ameaças de golpe trouxeram impactos imediatos sobre pautas que interessam a investidores, como a busca por uma solução para o pagamento de precatórios em 2022.

Há uma proposta em discussão, com mediação do Conselho Nacional de Justiça, para que seja definido um teto de 39,9 bilhões para o pagamento dessas dívidas judiciais – que, se cobradas integralmente, somarão quase 90 bilhões de reais no ano que vem. O restante seria pago nos anos seguintes. Com a escalada de tensões, porém, não se sabe quando uma saída será encontrada.

“Quando o meteoro [o anúncio dos precatórios para 2022] veio, nós precisávamos de um tratamento especial. Eu pedi imediatamente ajuda ao STF”, disse Guedes. “Eles estavam nos ajudando, quando esse barulho veio e agora estamos de volta ao mesmo lugar de antes”.

No evento, o ministro da Economia também se manifestou sobre o drama da inflação.  Um dia depois de o IBGE divulgar os índices de agosto, Guedes admitiu a gravidade da situação. Segundo ele, o avanço dos preços é uma questão-chave em que o País enfrenta o pior momento.

A inflação medida pelo IPCA fechou o mês passado com um avanço de 0,87%. Trata-se da maior taxa para um mês de agosto desde 2000. Em julho, o índice foi de 0,96%.

No acumulado de 12 meses, a inflação já chega a 9,68%, a mais alta desde fevereiro de 2016. Neste ano, o IPCA acumula elevação de 5,67%. O teto da meta de inflação estabelecido pelo governo Bolsonaro para 2021 é de 5,25%.

“Inflação é uma questão-chave. Eu acho que estamos no pior momento da inflação”, afirmou Guedes nesta sexta. “Ela vai reduzir lentamente e vamos fechar o ano entre 7,5% e 8% porque ainda temos alguns avanços para fazer”.

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