Política

Grupos neonazistas participaram de articulação dos atos golpistas, revela relatório da Abin

A união dos supremacistas brancos com bolsonaristas que fecharam estradas e acamparam nos quartéis consta em um documento elaborado pela agência de inteligência logo após as eleições

O acampamento dos extremistas permaneceu por dois meses na porta do QG do Exército - Imagem: Valter Campanato/ABR
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Grupos neonazistas, que contavam com a presença de supremacistas brancos e se identificavam através da bandeira que simboliza a ideologia capitaneada por Adolf Hitler, buscaram se associar aos movimentos golpistas que eclodiram no país após o resultado das eleições de 2022. É o que aponta um relatório da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), revelado nesta quarta-feira 30 pelo jornal O Globo.

De acordo com a publicação, a Abin identificou cinco comunidades do aplicativo de mensagens Telegram, que reuniram, no total, 2.800 membros. A ideia dos grupos era estimular “narrativas de deslegitimação” das instituições, segundo o órgão. 

O relatório da Abin foi elaborado entre 25 de novembro e 1º de dezembro de 2022. O período, vale destacar, foi marcado pelo crescimento da tensão social no país, com diversos casos de manifestantes bolsonaristas fechando estradas e ocupando QGs do Exército, na exigência de uma atuação contra o resultado legítimo que deu a vitória a Lula (PT) contra Jair Bolsonaro (PL).

Até o início do ano passado, as células neonazistas tinham experimentado um expressivo crescimento no País. Estimuladas pelo discurso de ódio vigente no Brasil, em razão da ascensão da extrema-direita, esses grupos cresceram mais de 270%, desde 2019, segundo um estudo elaborado pela antropóloga Adriana Dias, ex-professora da Unicamp.

Após as eleições de 2022, houve, segundo a Abin, um aumento do engajamento dos grupos.

“Até o pleito eleitoral de 2022, não se identificava histórico de envolvimento sistemático de grupos supremacistas e neonazistas com pautas políticas e manifestações. Apesar disso, em monitoramento de grupos virtuais utilizados para disseminação de conteúdo supremacista na conjuntura eleitoral, observou-se aumento da interação e da visualização”, aponta o relatório.

Entre os eixos de atuação dos grupos neonazistas após as eleições, segundo a Abin, estão o levantamento de suspeitas sem provas de fraude nas urnas, apoio aos bloqueios em estradas e a disseminação de panfletos fazendo referência à “luta contra comunistas”.

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