Política

“Gravíssimo”: veja as reações à liberação do vídeo da reunião de Bolsonaro

Reunião interministerial compilou xingamentos, ameaças ao STF e quase nenhuma referência à pandemia – e suscitou um turbilhão de reações

O presidente da República, Jair Bolsonaro, em café da manhã com apoiadores. Foto: Marcos Corrêa/PR
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Xingamentos a ministros do Supremo Tribunal Federal, incentivos a portarias que armassem a população para que o povo fosse contra prefeitos e governadores que implementaram a pandemia, ódio à população indígena e cigana e, também, falas fortes do presidente Jair Bolsonaro sobre a intenção de trocar cargos de poder para proteger sua família: o conteúdo da reunião interministerial, liberado pelo ministro Celso de Mello nesta sexta-feira 22, é explosivo. E já há ampla repercussão.

Uma nota conjunta foi liberada por partidos de oposição à Bolsonaro ao passo que as revelações da reunião eram mostradas. No comunicado, os partidos expressam repúdio, também, a um posicionamento do general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que mais cedo liberou uma nota com teor de ameaça ao Supremo Tribunal Federal.

“PT, PCdoB, PSOL, PSB, PDT e Rede – manifestam seu veemente repúdio ao conteúdo de vídeo de reunião ministerial do governo Bolsonaro, bem como à nota divulgada pelo general Augusto Heleno, com um ataque inaceitável ao Supremo Tribunal Federal. […] O vídeo desfaz qualquer legitimidade do atual governo no comando dos destinos da Nação, pois escancara o desprezo à democracia, à vida e às conquistas civilizatórias do povo brasileiro. Ademais, indica a tentativa de formação de milícias em defesa de um projeto antinacional e antidemocrático.”, dizem. No final, o grupo enfatiza que apoia o prosseguimento nos pedidos de impecheament de Bolsonaro.

Quem também se manifestou por meio de nota oficial foi o prefeito de Manaus (AM), Arthur Virgílio Neto, que foi atacado por Bolsonaro na lógica de que governadores e prefeitos estariam implementando uma “ditadura” ao decretarem quarentena para frear o avanço do coronavírus.

“Os insultos do presidente Bolsonaro, dirigidos a mim e a outros homens públicos, representam um verdadeiro “strip-tease moral” feito por quem não tem a mais mínima condição de governar o Brasil. […] Não gosta de mim? Que bom. Sinal de que estou no lado certo da vida. Também não gosto da ditadura que já nos massacrou e que ele gostaria de reviver. Daqui a pouco mais de dois anos, o país estará livre de tão diminuta e mesquinha figura.”, escreveu o prefeito.

O pivô da acusação de que Bolsonaro teria interferido na Polícia Federal, o ex-ministro Sergio Moro, afirmou que “a verdade foi dita, exposta em vídeo, mensagens, depoimentos e comprovada com fatos posteriores” em uma publicação nas redes sociais.

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) interpreta que a liberação do vídeo prova que Bolsonaro visava intervir na PF, motivo pelo qual a investigação foi instaurada em primeiro lugar. O trecho a qual o senador se refere já tinha sido liberado.

A deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-RS), que também é presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, afirmou em uma postagem que Bolsonaro “não tem condições de ser presidente da República”. “É agressão e briga o tempo todo. Proteção do povo, nada! Nenhuma fala sobre assegurar renda, emprego, vida!”, escreveu.

O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), também interpreta que o vídeo “confirma a delação de Sérgio Moro” sobre a interferência de Bolsonaro na PF. Para ele, a reunião interministerial “contém diversos crimes contra a honra; revela planos de “armar a população” para fins POLÍTICOS; mostra inequívocos impulsos despóticos.”, escreveu.

João Doria (PSDB), governador de São Paulo e um dos alvos políticos mais contundentes de Bolsonaro na pandemia, afirmou que o País está “atônito com o nível da reunião ministerial”.

Wilson Witzel (PSC), governador do Rio de Janeiro que também é xingado na reunião interministerial, diz que sente “na pele” o “desapreço pela independência dos poderes” em uma publicação também feita no Twitter. Sobre a acusação de ser um “estrume”, segundo o presidente, Witzel afirma que “é essencialmente como ele [Bolsonaro] próprio se vê”.

Para Guilherme Boulos, coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e pré-candidato à prefeitura de São Paulo, o destaque vai para a falta de menções à saúde pública em tempos de pandemia. “Tem tempo pra xingar ministro do STF, para defender armamento da população e pra acabar com o Ibama. Mas ninguém fala no combate ao coronavírus. Estamos à deriva!”, escreveu.

Veja mais declarações de outras deputadas federais sobre o caso:

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