Política

Governo Lula expressa ‘preocupação’ após secretário de Tarcísio anunciar revisão do uso de câmeras pela PM

Procuradores da Justiça do estado também se manifestaram contra a afirmação de Guilherme Derrite

Governo Lula expressa ‘preocupação’ após secretário de Tarcísio anunciar revisão do uso de câmeras pela PM
Governo Lula expressa ‘preocupação’ após secretário de Tarcísio anunciar revisão do uso de câmeras pela PM
Policiais com câmera acopladas à farda Foto: Governo do Estado de SP/Divulgação
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O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania afirmou nesta quinta-feira 5 receber “com preocupação” uma declaração do secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, sobre uma “revisão” do uso de câmeras por policiais militares. O estado é governado pelo bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Na quarta 4, em entrevista à Rádio Cruzeiro, de Sorocaba (SP), Derrite afirmou ter solicitado o estudo da FGV a apontar que o uso de câmeras nos uniformes de PMs do estado evitou 104 mortes, uma redução de 57% em relação ao período anterior. O monitoramento foi conduzido entre julho de 2021 e julho de 2022.

“Nós vamos rever o programa. O que existe de bom vai permanecer. Aquilo que não está sendo bom e que pode ser comprovado cientificamente que não é bom (…), a gente vai propor ao governador possíveis alterações”, afirmou Capitão Derrite, como é conhecido o secretário.

Segundo o ministério, porém, “o sucesso dessa política demonstrado pela ciência faz com que ela não apenas tenha que ser reforçada e ampliada nas regiões em que é aplicada, mas também que seja estendida a todas as unidades da federação”.

A pasta ainda pede que qualquer revisão do programa leve em conta “as melhores evidências disponíveis” e tenha o objetivo de respeitar e proteger o direito humano à vida.

Mais cedo, procuradores da Justiça de São Paulo já haviam reenviado uma manifestação contrária à ideia do secretário de rever o programa. A peça foi originalmente assinada pelos ex-procuradores Luiz Marrey e Rodrigo Pinho e pelos procuradores Paulo Afonso de Paula e Plínio Gentil. Na sequência, foi endossada por mais 13 membros da categoria.

De acordo com o texto dos procuradores, uma supressão das câmeras – ou mesmo a redução do programa – poderá transmitir a mensagem a um setor minoritário da PM de que haveria uma “licença para matar”. Eles afirmam não ser coincidência a diminuição da letalidade policial após a adoção dos equipamentos.

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