Governo diz que não pagou despesas de Carlos Bolsonaro na Rússia, mas não informa agenda

Acusações feitas pelo senador Randolfe Rodrigues de que Carlos faria parte do 'gabinete do ódio' foram chamadas de 'ilações'

Foto: Divulgação

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Em documentos enviados ao Supremo Tribunal Federal (STF), o governo do presidente Jair Bolsonaro (PL) informou que não teve gastos com a viagem de seu filho e vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro à Rússia no mês passado. Embora o ministro do STF Alexandre de Moraes também tenha determinado que fosse informada a agenda de compromissos dele durante a viagem, o governo federal se limitou a repassar apenas a agenda do presidente.

O governo também chamou de ilações as acusações feitas pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP). O parlamentar de oposição quer que seja investigada a participação de integrantes do chamado “gabinete do ódio” na comitiva do presidente que foi à Rússia, e “seus reflexos sobre a integridade das eleições de 2022”.

“Gabinete do ódio” foi a expressão cunhada para designar um grupo instalado no Planalto acusado de propagar “fake news“. Randolfe disse que o vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente da República, e o assessor Tércio Arnaud integram o grupo, e quer que eles prestem depoimento.

No mês passado, Moraes tinha mandado a Procuradoria-Geral da República (PGR) se manifestar sobre o pedido de investigação feito por Randolfe. No começo deste mês, determinou que a Presidência da República comunicasse “as condições oficiais” de participação de Carlos na comitiva presidencial, incluindo “informações sobre os gastos realizados e eventuais diárias pagas, bem como a agenda realizada”.

Os documentos com as repostas foram entregues pela Advocacia-Geral da União (AGU). Um deles, elaborado pela Secretaria Especial de Administração da Secretaria-Geral da Presidência da República, diz que não há “registros de despesas relacionadas ao Vereador Carlos Bolsonaro, no tocante à viagem presidencial internacional ocorrida com destino à Rússia, em fevereiro de 2022”.

Outro documento, do Itamaraty, diz também que Carlos “integrou, sem ônus, a comitiva que acompanhou o senhor Presidente da República” e que “não foram pagos pelo Ministério das Relações Exteriores quaisquer valores a título de diárias para o vereador Carlos Bolsonaro por conta da referida visita oficial e tampouco há registro de despesas neste Ministério relacionadas a sua participação na comitiva oficial do senhor Presidente da República”. Em seguida, o Itamaraty informou a agenda de compromissos de Jair Bolsonaro, mas não a de Carlos Bolsonaro, na Rússia.


Também no começo de março, Moraes mandou a Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro informar se Carlos Bolsonaro estava em licença para realizar a viagem. Na última sexta-feira, a Câmara comunicou, em documento enviado ao STF, que Carlos trabalhou remotamente, votando em todas as sessões realizadas durante a viagem.

No começo de março, a PGR informou que não identificou indícios de crimes na ida de integrantes do chamado “gabinete do ódio” na viagem presidencial à Rússia, mas pediu que fosse enviado um ofício ao Palácio do Planalto para que o governo prestasse informações sobre o assunto “se entender pertinente”. A partir disso, Bolsonaro requisitou informações à Presidência da República, respondidas agora.

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1 comentário

BENVINDA ROSALINA DOS SANTOS 15 de março de 2022 15h00
O fato mais importante é saber porquê esse indivíduo minúsculo tem que acompanhar a comitiva na qual deveria estar apenas membros do primeiro escalão. Nessa foto o vereador se senta à mesa de conferência e o tal General Heleno, também minúsculo, rebaixa-se ainda mais ao sentar em um cantinho próximo do fotógrafo. Que relevância tem o vereador nessa conferência?

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