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Governistas comemoram condenação de Bolsonaro e oposição reforça defesa de anistia

A condenação de Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus pela tentativa de golpe movimentou o debate público

Governistas comemoram condenação de Bolsonaro e oposição reforça defesa de anistia
Governistas comemoram condenação de Bolsonaro e oposição reforça defesa de anistia
Jair Bolsonaro pode ser condenado a até 43 anos de prisão – Foto: Evaristo Sa / AFP
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A condenação de Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus pela tentativa de golpe movimentou as redes sociais de políticos de esquerda, que comemoraram a decisão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal desta quinta-feira 11. Por outro lado, aliados do ex-capitão recorreram à já conhecida tese da perseguição política para criticar o placar no colegiado.

O ex-presidente foi sentenciado a 27 anos e três meses de prisão em regime inicial fechado, além do pagamento de multa. Ele foi enquadrado nos cinco crimes apontados na denúncia da Procuradoria-Geral da República: golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, organização criminosa, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.

Por meio de publicação na rede social, o presidente nacional do PT, Edinho Silva, afirmou que a sentença “reafirma a soberania popular expressa nas urnas em 2022” com a eleição de Lula. O dirigente ainda ressaltou que o processo passará “a limpo um dos capítulos mais lamentáveis da nossa história recente: os atos golpistas de 8 de janeiro de 2023”, criticando a possibilidade de anistia.

Gleisi Hoffmann, atual ministra das Relações Exteriores e ex-comandante da sigla, disse que a condenação é uma lição “para que nunca mais ousem atentar contra o estado de direito e atentar contra a vontade do povo expressa nas urnas”. Na mesma linha, o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), também comemorou, mencionando o plano para assassinar autoridades, descoberto pela Polícia Federal ao longo das investigações sobre o golpe.

“É um marco na defesa da democracia no Brasil e um exemplo para o mundo. Nosso país mostrará que a democracia e a soberania não se negociam e que ninguém está acima da lei”, declarou o deputado.

Quem também se manifestou foi a Executiva Nacional do PSDB. No texto, o partido lamentou o fato de mais um ex-presidente da República desde a redemocratização ter sido condenado — desta vez, por tentativa de golpe — e reafirmou seu compromisso com o respeito à democracia e o funcionamento legítimos das instituições. “Este não é um fato a se comemorar”.

Em nota divulgada logo após a Primeira Turma formar maioria pela condenação, a oposição na Câmara dos Deputados disse que o julgamento tem “motivação política” e elogiou o voto do ministro Luiz Fux, único a se posicionar no sentido de absolver Bolsonaro. O líder do grupo, Luciano Zucco (PL-RS), acompanhou a sessão no prédio do Supremo e, ao sair, disse a jornalistas que o revés ao ex-presidente fortalecerá a defesa a anistia a condenados no 8 de Janeiro no Congresso Nacional.

A proposta é vista como alternativa para reabilitar politicamente o ex-presidente, inelegível até 2030. Como mostrou CartaCapital, os argumentos suscitados por Fux na quarta-feira animou o entorno de Bolsonaro, que vê o perdão aos golpistas ganhar fôlego entre parlamentares até então receiosos de votar favoravelmente em razão do seu teor polêmico.

Relator da CPMI do INSS, o deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL) escreveu em uma rede social: “A condenação do presidente Bolsonaro é um absurdo que fere a democracia. O que vimos não foi um julgamento justo, foi um tribunal político armado para perseguir. Estão usando o Direito como ferramenta de vingança, invertendo valores”.

Também por meio do X, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse considerar que “os pilares da democracia foram quebrados para condenar um inocente que ousou não se curvar a um ditador”, em referência ao ministro Alexandre de Moraes, relator da ação do golpe e alvo preferencial do bolsonarismo.

O lamento à condenação veio também da América do Norte. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que chegou a anunciar sanções ao Brasil em retaliação ao avanço das investigações contra Bolsonaro, disse que não viu “tentativa de golpe acontecendo” no país sul-americano e chamou seu aliado de “bom homem”.

“Eu o conheço muito bem. Líder estrangeiro, ele era um bom, achava que ele era um bom presidente. E é muito surpreendente que isso tenha acontecido. É muito parecido com o que tentaram fazer comigo, mas não conseguiram”, declarou o magnata a jornalistas enquanto deixava a Casa Branca para embarcar rumo a Nova York.

Logo após a fala, o secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, chamou Moraes de “”violador de direitos humanos” e prometeu novas ações do País para responder ao que chamou de “caça às bruxas”.

Veja outras reações: 

Márcio Macêdo (PT), ministro da Presidência da República: “A condenação é um marco histórico na defesa do Estado Democrático de Direito. O devido processo legal foi respeitado e a Justiça deixou claro que ninguém está acima da lei. A decisão reafirma o respeito à soberania popular, expressa nas urnas em 2022, à lisura do sistema eleitoral brasileiro e fortalece as instituições nacionais ao condenar a tentativa de golpe de Estado que ameaçou a democracia e planejou o assassinato do presidente e vice-presidente eleitos e de um ministro do STF. O resultado do julgamento demonstra ainda que o Brasil não aceitará qualquer forma de ameaça externa às nossas instituições e ao nosso povo”.

Zeca Dirceu (PT-PR), deputado federal: “Dia histórico! A democracia resiste e se fortalece com decisão do STF!”.

Paulo Teixeira (PT), ministro do Desenvolvimento Agrário: “A condenação de Bolsonaro e demais réus por tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito é o amadurecimento da nossa República. Hoje enterramos a ditadura de novo. Pela primeira vez na nossa história punimos quem tentou dar um golpe de estado. Democracia sempre. Ditadura nunca mais.”

Luiz Marinho (PT), ministro do Trabalho: “O já inelegível e os demais golpistas condenados. Bolsa bate recorde e dolar cai. O Brasil é dos brasileiros. Viva a democracia!”.

Matteo Salvini, vice-primeiro-ministro da Itália: “Solidariedade e apoio ao amigo Jair Bolsonaro. Quando não tem mais argumentos, a esquerda usa todos os meios para atacar os adversários políticos, a começar pelo judiciário. Não vão te parar, força presidente!”.

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