Governadores pedem parceria ambiental com Biden em carta a Washington

Documento sugere 'canal de interação' entre os estados e a Casa Branca para preservar a Amazônia e as riquezas naturais brasileiras

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden. Foto: Brendan Smialowski/AFP

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Governadores enviaram uma carta ao presidente Joe Biden em que propõem uma cooperação entre os estados brasileiros e Washington em relação a pautas ambientais. O texto (veja íntegra), com 23 assinaturas, fala em “regeneração ambiental, o equilíbrio climático, a redução de desigualdades, o desenvolvimento de cadeias econômicas verdes nas Américas e a criação de um novo modelo civilizatório saudável e resiliente a pandemias”.  O documento deve ser encaminhado ao presidente americano em um encontro com a Embaixada dos EUA no Brasil.

 

 

A mensagem fala em nome da coalizão Governadores pelo Clima, criada em 29 de outubro, após a assinatura de um compromisso em um encontro internacional entre gestores estaduais sobre o tema, ocorrido naquele mês.

No texto, os governadores dizem desejar “união e construção colaborativa de soluções em defesa da humanidade” e elencam uma série de compromissos já estabelecidos, como a redução dos gases de efeito estufa, a promoção de energias renováveis, o combate ao desmatamento, o cumprimento do Código Florestal para a conservação das florestas e da vegetação nativa, a melhoria da eficiência na agropecuária, a proteção e o bem-estar dos povos indígenas e a busca de formas consorciadas de viabilizar reflorestamentos.


“Celebrando a decisão do seu governo em fortalecer a agenda ambiental internacional e o Acordo de Paris, expressamos nossa intenção de implementar ações conjuntas, propondo a cooperação entre os Estados Unidos e os governos estaduais brasileiros, responsáveis pela maior parte da Floresta Amazônica, a mais extensa floresta tropical do mundo, e de outros biomas que, somados, abrigam a mais ampla biodiversidade já registrada, e que são capazes de regular ciclos hídricos e de carbono em escala planetária”, escrevem.

Os governadores destacam a necessidade de reflorestar “uma área do tamanho dos Estados Unidos” para que a temperatura global não ultrapasse 1,5ºC até o fim do século e dizem que “o Brasil pode ampliar o verde da Terra” com ações de preservação.

Entre as medidas planejadas, estão a restauração de área degradadas, a inclusão de comunidades locais com capacitação; e a incorporação de empresas, “integrando as economias do Brasil e dos EUA” nos eixos de bioenergia, agricultura de baixo carbono, energias renováveis e bioeconomia de floresta.

“Juntos, podemos constituir com agilidade a maior economia de descarbonização do planeta, criando referências para impulsionar a transição da economia mundial para um modelo carbono neutro, orientando uma retomada verde pós-pandemia”, diz a carta.

 

Certos do alto nível de convergência de interesses e desejando tempos saudáveis para nossos povos, ficamos abertos para estabelecer um canal de interação com o seu governo para avançarmos em passos práticos.

 

À frente da negociação, o governador do Piauí, Wellington Dias (PT), divulgou vídeo em que reivindica “posição clara” das Américas “em relação à nossa responsabilidade com a vida e com a biodiversidade”.

O documento é enviado em meio a uma polêmica negociação entre a Casa Branca e o Palácio do Planalto, que envolve um aporte financeiro bilionário em prol da redução do desmatamento.

Em resposta a esse acordo, a Associação dos Povos Indígenas do Brasil articulou uma campanha direcionada a Biden, em que protesta pela suspensão das tratativas com o presidente Jair Bolsonaro.

“Ou a Amazônia, ou Bolsonaro. Você não pode ter ambos. De que lado você está?”, questiona vídeo divulgado pela entidade, que destaca os conflitos do governo federal com os povos nativos, a má gestão da pandemia e as acusações do presidente brasileiro de “fraude” nas eleições americanas que derrotaram Donald Trump.

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