Política

Governador de Roraima nega desnutrição de yanomamis e defende garimpeiros

Antonio Denarium sugeriu ainda que povos indígenas abram mão da própria cultura e do modo de vida tradicional para saírem da crise: “Não podem mais ficar no meio da mata, parecendo bicho”

O governador de Roraima, Antonio Denarium. Foto: Wilson Dias/Agência Brasil
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No auge da crise humanitária enfrentada por indígenas yanomamis em Roraima, o governador do estado, Antonio Denarium (PP), saiu em defesa dos garimpeiros e negou que os registros que mostram crianças e adultos desnutridos, divulgados mundialmente, reflitam a real situação dos povos da região. As declarações foram dadas ao jornal Folha de S. Paulo.

“A Cufa [Central Única das Favelas] está entregando cestas de alimentos aqui. Você vê nas filas, nos vídeos que eles publicam, não tem nenhum desnutrido. Todo mundo bem arrumadinho, tudo certinho. O problema é localizado, não é generalizado”, afirma Denarium.

As imagens e registros da situação no estado, porém, desmentem as declarações do governador. Denarium, importante ressaltar, é aliado de garimpeiros e defende a atividade na região. Segundo diz, não é ela a causadora do problema, já que, segundo ele, há indígenas desnutridos em regiões onde não existe garimpo. Especialistas, porém, defendem o contrário.

Crianças desnutridas, assim como idosos, fazem lembrar os horrores dos campos de concentração – Imagem: Centro de Documentação Indígena

De quebra, o político aproveitou para minimizar o papel do aliado Jair Bolsonaro (PL) no caos registrado na região. Na entrevista ao jornal diz que a mídia estaria ‘criando um fato’ para prejudicar o ex-capitão. A situação, alega, existe há mais de 20 anos e não foi causada pelo aliado. Dados de diversas instituições, porém, mostram que o caso se agravou significativamente pelo descaso e omissão da gestão Bolsonaro.

Ainda ao jornal, Denarium também contrariou especialistas ao alegar que a situação sanitária e humanitária dos yanomamis poderia ser resolvida com a exploração de terras. A ação, porém, é apontada como a principal causadora do problema. Ainda assim, o político insistiu na tese.

“Imagine você desempregado, pobre, passando fome, doente. Dentro da sua casa tem um quadro do Picasso que vale 1 bilhão de dólares. O que você faria? Venderia. Aí pega o dinheiro e melhora sua qualidade de vida. Igual aos indígenas americanos”, defende.

Também de forma controversa, o governador sugeriu que os indígenas abram mão da sua cultura e modo de vida tradicional como forma de sair da atual crise:

“Tenho 260 escolas em comunidades indígenas. Eles querem ser advogados, professores, médicos. Eu acho correto. Eles têm que se aculturar, não podem mais ficar no meio da mata, parecendo bicho”, diz.

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