Justiça
Golpistas estudaram o caso Marielle para tramar contra Lula, Alckmin e Moraes
Os investigadores da PF apontam um ‘elevado conhecimento técnico’ por parte dos envolvidos


Os militares que entraram na mira da Polícia Federal por envolvimento na trama golpista de 2022 estudaram o caso Marielle Franco (PSOL) para tentar se safar de uma eventual investigação.
Na Operação Contragolpe, a PF prendeu quatro militares do Exército ligados às forças especiais, os chamados “kids pretos”: o general Mário Fernandes, o tenente-coronel Helio Ferreira Lima, o major Rodrigo Bezerra Azevedo e o major Rafael Martins de Oliveira. Outro preso é o policial federal Wladimir Matos Soares.
Os militares presos nesta terça projetavam a criação de um “gabinete de crise” após executarem o então presidente eleito Lula (PT), seu vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. O comando do grupo ficaria a cargo do então ministro do Gabinete de Segurança Institucional, o general da reserva Augusto Heleno, e de Braga Netto.
A polícia teve acesso a mensagens de um grupo de conversas criado pelos golpistas no aplicativo Signal e chamado “Copa 2022”, com o objetivo de monitorar Moraes. Os militares envolvidos receberam codinomes de países, como Alemanha, Austria, Japão e Gana.
Em um documento de 221 páginas enviado ao STF, os investigadores mencionam ter encontrado um documento intitulado Apostila_Anonimização. Ele consistia de uma análise sobre a investigação do assassinato de Marielle, vereadora do Rio de Janeiro, em março de 2018.
O arquivo identificado pela PF cita a utilização de antenas de celular para ajudar na elucidação do caso Marielle. Veja uma imagem do documento:
No material encontrado com Rafael de Oliveira, havia um documento sobre “telefone frio”, termo para descrever aparelhos cadastrados com dados de terceiros, a fim de dificultar ou impedir a identificação de seus reais usuários.
“Pelo que as análises observaram, por meio do conteúdo do documento fica demonstrada a existência de conhecimento acima da média sobre a relação entre IMEI (aparelho telefônico) e SIM CARD (Chips das operadoras de telefonia móvel)”, escreveu a PF.
Os investigadores apontam um “elevado conhecimento técnico, possuindo, ainda, fortes indícios de ter sido elaborado previamente, com vistas a alcançar o de anonimização das pessoas envolvidas”.
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