Política
Gleisi se diz contra o aborto, mas critica o PL em tramitação na Câmara
‘É desumano obrigar uma criança a ser mãe de outra criança, ainda mais quando a gravidez é resultado de violência’, afirmou a presidenta do PT


A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, se manifestou nesta sexta-feira 14 contra o projeto de lei 1904/2024, que equipara o aborto legal realizado após a 22ª semana de gestação ao crime de homicídio.
A deputada federal se disse pessoalmente contra o aborto, mas afirmou defender o que a legislação prevê sobre os casos de interrupção legal da gravidez.
“Além de aplicar uma pena maior para a vítima de estupro que faz aborto do que para o estuprador, impede que uma menina ou mulher estuprada possa fazer aborto após 22 semanas de gravidez”, escreveu Gleisi no X.
“É importante saber que 61% dos estupros são contra meninas de até 13 anos, que muitas vezes por medo, vergonha ou desconhecimento a gravidez só é descoberta quando está mais avançada. É desumano obrigar uma criança a ser mãe de outra criança, ainda mais quando a gravidez é resultado de violência.”
Nesta sexta, a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja, também se manifestou pela primeira vez sobre o tema, em tom crítico ao PL. Já o ministro das Relações Internacionais, Alexandre Padilha (PT), disse que o governo não trabalhará pela aprovação do texto.
A partir de uma manobra de Arthur Lira (PP-AL) e com uma votação-relâmpago, a Câmara dos Deputados aprovou na quarta-feira 12 um requerimento para tramitação do PL em regime de urgência. Agora, o projeto não tem mais de passar pelas comissões temáticas e pode chegar diretamente chegar ao plenário.
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